Segurança Pública

VÍDEO: mulher é morta a tiros na frente da filha após denunciar milícia no Brás

Ela estava entre as 25 pessoas que relataram à polícia a cobrança de “taxas de segurança” exigidos por criminosos que controlam o comércio popular local


Reprodução VÍDEO: mulher é morta a tiros na frente da filha após denunciar milícia no Brás
Mulher é morta a tiros na frente da filha após denunciar milícia no Brás

A comerciante Edineide Aparecida Rodrigues, de 57 anos, foi assassinada a tiros na noite do último domingo (27/4), na frente da própria filha, na Zona Leste de São Paulo. Edineide se preparava para entrar em um carro de aplicativo quando foi surpreendida pelo atirador. Ela era uma das testemunhas protegidas que denunciou à polícia um esquema de extorsão ligado à atuação de milícias no bairro do Brás, região central da capital, onde trabalhava na Feirinha da Madrugada.

Edineide estava entre as 25 pessoas que relataram à polícia a cobrança de “taxas de segurança” e outros valores exigidos por criminosos que controlam o comércio popular local. As extorsões variavam entre R$ 50 e R$ 300 por semana, dependendo da área.

O crime

De acordo com o relato da filha, que estava em casa no momento do assassinato, Edineide havia acabado de solicitar um carro por aplicativo. Pouco depois, ela notou um homem desconhecido do outro lado da rua. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o suspeito se aproximando da vítima, sacando uma arma e efetuando os disparos. Edineide caiu próximo ao veículo que a aguardava.

A filha, em choque, correu para dentro de casa e trancou o portão. A comerciante chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Pronto-Socorro de Ermelino Matarazzo. A família afirma que Edineide não tinha inimigos e se dedicava exclusivamente ao trabalho na Feirinha da Madrugada.

Esquema de extorsão no Brás

As investigações apontam que milicianos exigiam valores de comerciantes da região sob ameaças e intimidações, se passando por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou até por policiais. Além das “taxas de segurança”, havia cobranças por aluguel de espaços, "luvas" que chegavam a R$ 500 mil, e até por energia elétrica fornecida de forma clandestina por ligações ilegais na rede da Enel.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), identificou a participação de policiais militares e civis no esquema. Entre os investigados estão o cabo José Renato Silva de Oliveira, os sargentos Wellington Stefani e Humberto de Almeida Batista, a escrivã Viviane Letícia Felix Trevisan, além dos PMs reformados Maurício Oliveira de Souza e Sergio Ferreira do Nascimento.

ONGs e associações como fachada

As investigações também revelaram o envolvimento de associações e ONGs utilizadas para dar aparência de legalidade às extorsões. Uma das entidades citadas é a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Comércio Solidário do Brás (CoopsBrás), liderada por Kelen Batista e seu marido, Peterson Ribeiro Batista, conhecido como “Tetinha”.

Testemunhas relataram que a CoopsBrás cobrava valores dos ambulantes sob pretextos de organização e segurança. Kelen, vice-presidente da entidade, teria sido vista percorrendo barracas acompanhada de homens armados, cobrando taxas e medindo os espaços ocupados pelos comerciantes com trena, em meio a ameaças.

A morte de Edineide reacende o alerta sobre a violência e a impunidade que cercam os esquemas de extorsão em áreas comerciais populares da capital. A Polícia Civil investiga o crime, mas até o momento ninguém foi preso.

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