Política

Enquanto você transpira, eles jantam faustamente e buscam manter seus privilégios

Doria admitiu ter feito lobby direto para influenciar parlamentares contra a medida proposta pelo governo.


Reprodução Enquanto você transpira, eles jantam faustamente e buscam manter seus privilégios
João Dória, Hugo Motta e o jantar dos privilegiados

Enquanto o governo Lula busca justiça fiscal ao tentar corrigir distorções no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – um tributo que, na prática, recai mais sobre os mais ricos – setores da elite brasileira se mobilizam para impedir qualquer avanço. Na noite desta segunda-feira (30), o ex-governador de São Paulo João Doria Jr. ofereceu em sua residência um jantar em homenagem a Hugo Motta (PL-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento e figura-chave na derrubada da proposta do governo de aumentar a alíquota do IOF de 1,1% para 3,5%. A proposta buscava retomar um patamar mais justo, embora ainda abaixo dos 6,38% cobrados no governo Bolsonaro.

O gesto escancarou o que já estava evidente: há uma articulação dos muito ricos para manter seus privilégios intactos, mesmo diante de um país profundamente desigual, onde a maioria da população ainda carece de serviços públicos básicos. Doria, que atualmente lidera o grupo empresarial Lide, reuniu representantes do alto empresariado, figuras do Centrão e aliados do bolsonarismo em um convescote de agradecimento àquele que, segundo ele, foi "o herói do Brasil" por barrar o aumento de impostos sobre os mais ricos.

“Hugo tem se revelado uma grande liderança”, escreveu Doria em suas redes sociais, posando ao lado de Motta e exaltando sua "postura, equilíbrio e firmeza" – qualidades que, ao que tudo indica, significam manter os ricos fora do alcance do Fisco. No evento, Doria ainda admitiu ter feito lobby direto para influenciar parlamentares contra a medida proposta pelo governo.

A retórica usada por Doria e pela elite empresarial busca encobrir interesses particulares sob o manto de uma suposta defesa do “controle fiscal” e do “Brasil”. No entanto, fica evidente que a mobilização foi contra uma política pública que visava corrigir a regressividade tributária brasileira, onde os pobres pagam, proporcionalmente, muito mais impostos do que os milionários.

O episódio mostra como parte da elite econômica atua para impedir qualquer redistribuição mínima de riqueza no Brasil. Em vez de contribuir para o financiamento de políticas públicas, esses setores preferem proteger seus lucros, mesmo que isso custe a manutenção das desigualdades que historicamente marcam o país. E Hugo Motta, agora ovacionado pelos ricos, torna-se o símbolo de uma política que privilegia poucos às custas de muitos.

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