Pensar Piauí

O lugar de Bolsonaro ainda não é na cadeia

Os militares irão visitá-lo, como Augusto Heleno e Braga Netto faziam no Alvorada pouco antes do embarque para Orlando?

Foto: DivulgaçãoBolsonaro preso
Bolsonaro preso

Por Moisés Mendes, jornalista, em seu blog 

Mesmo que fosse possível, com todo suporte jurídico e garantias constitucionais (e também políticas), a prisão de Bolsonaro não deve ocorrer logo depois da sua volta ao Brasil.

Antes, será preciso saber com quem Bolsonaro conversará, qual será sua rotina, quem irá visitá-lo sem disfarces e quem irá abandoná-lo.

É preciso dar corda ao sujeito, para ver se ele se enrosca todo e se enforca logo, se tem suporte político para reagir ou se irá se transformar num Eduardo Cunha.

É preciso saber como está o humor do derrotado. Bolsonaro está fragilizado em todos os sentidos, política, moral e fisicamente, e cada vez mais afundado em suspeitas, desde a descoberta da minuta do golpe na casa de Anderson Torres.

Deixem o derrotado voltar, retomar sua rotina e expor seu poder, se é que ainda tem. Bolsonaro pode ser a isca para atrair outros golpistas ainda na moita.

Essa é uma das primeiras dúvidas: os militares irão visitá-lo, como Augusto Heleno e Braga Netto faziam no Alvorada pouco antes do embarque para Orlando?

Os empresários que estiveram ao seu lado até a derrota, participando ativamente do blefe do golpe, irão tentar consolar o líder, ou Bolsonaro foi abandonado por ‘ex-golpistas’ (como se existissem) que agora tentam fazer média com Lula?

Em pouco mais de uma semana ficaremos sabendo quem é o Bolsonaro que estará de volta. É bem provável que esteja virado num traste.

Mas aí valerá a pena prendê-lo? Agora? Pra quê? A prisão do derrotado será um trunfo mais adiante.

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