Arnaldo Eugênio

A cidade sem prefeito


Foto: ReproduçãoA cidade sem prefeito
A cidade sem prefeito

 

No Brasil, as eleições municipais de 2024 trarão, democraticamente, mais uma nova oportunidade para o eleitorado brasileiro utilizar o voto com sabedoria política e compromisso social na escolha de novos legisladores e, principalmente, novos gestores públicos, elegendo-os ou reelegendo-os. Por isso, é útil estimular e valorizar o voto consciente, responsável e consequente, evitando não “chorar pelo leite derramado” no futuro próximo.

No contexto político, a expressão “cidade sem prefeito” é adequada, pois é a consciência mostrando aos munícipes os resultados de uma escolha mal feita nas urnas: isto é, “o voto não tem preço, tem consequência”. Na maioria das vezes, a falta de transparência na gestão municipal e no legislativo, associada à corrupção, são consequências da compra ou venda de voto ou do voto irrefletido.

Noutras palavras, uma má gestão pode se iniciar a partir de um crime eleitoral – “(...) dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa”.

Consorciado ao “voto insensato”, uma má gestão é produto de “projetos mal concebidos, mal executados, fora da sua finalidade”, que se refletem em gastos e desvios de recursos públicos em obras inacabadas, que não atendem a sua finalidade social de desenvolvimento das cidades. Mas, a corrupção equivale a 1/5 do desperdício de recursos públicos na má gestão, que poderiam ser utilizados para outras finalidades – p.ex. na saúde, na educação, na infraestrutura etc.

O eleitorado brasileiro deve ter em mente de que o seu mal-estar com os gestores públicos e os legisladores, ou com a maioria da classe política, começa no voto sem responsabilidade social para com os interesses da coletividade.

O voto inconsequente gera uma má gestão pública, que sempre é perpassada pela corrupção sistêmica, sabotando o bem-estar dos munícipes, porque não garante a excelência nos serviços básicos para a população. A corrupção sistêmica no setor público desgasta a confiança das pessoas nas instituições governamentais, afeta a integridade das políticas, além de distorcer os resultados do setor público.

A “cidade sem prefeito” é aquela que, mesmo tendo um gestor público e vereadores eleitos, não se desenvolve e a população é maltratada, pois a gestão não fez uma análise da configuração da sociedade, para implementar formas de melhorá-la através de políticas públicas.

Uma das maiores consequências da má gestão financeira nas “cidades sem prefeitos” é o desperdício de recursos públicos, que gera um endividamento do erário e uma frustação continuada dos munícipes, repercutindo nas urnas. Pois, a má gestão cria um ciclo vicioso de dívidas e um estresse significativo na relação entre o gestor (e os vereadores) e a população, o que reduz a qualidade de vida e aumenta a ojeriza à política. Mas, a “culpa” não é da Política, mas do voto inconsequente, imprudente ou leviano.

Logo, uma “cidade sem prefeito” é produto de uma má gestão, que causa diversos danos sociais – p.ex. recursos financeiros perdidos, fraudes, hipocrisia, traição, mentira, falsidade, deslealdade, desonestidade, perfídia, dissimulação, dolo, impostura, intriga, manobra etc. –, principalmente em questões que causam indignação e inquietude na população.

Portanto, cabe ao eleitorado, nas próximas eleições municipais, usar o voto com qualidade e responsabilidade, ou seja, escolher gestores e vereadores comprometidos e fiéis com a garantia do atendimento eficiente às demandas dos munícipes, à otimização dos recursos públicos, o respeito a legislação vigente e aos princípios de eficiência e eficácia.

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