Avó é presa após depor sobre envenenamento em Parnaíba
Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto das vítimas, está preso desde janeiro e é o principal suspeito do envenenamento

A Polícia Civil do Piauí prendeu, nesta sexta-feira (31), Maria dos Aflitos, matriarca da família que foi envenenada em Parnaíba, no litoral do estado. Ela e mais três filhos, sendo uma mulher e dois homens, prestaram depoimento hoje na Delegacia Regional da cidade.
Maria dos Aflitos é casada com Francisco de Assis Pereira da Costa, que está preso desde o dia 8 de janeiro, suspeito de ter envenenado o almoço da família. Após o ocorrido, Maria e os filhos se mudaram para o bairro São Vicente de Paula, deixando a casa onde as mortes ocorreram.
Cinco Mortos e 1 Caso em Investigação
A intoxicação alimentar provocada por uma substância tóxica semelhante ao “chumbinho” causou a morte de cinco pessoas. A morte mais recente foi de Maria Gabriela da Silva, de 4 anos, que faleceu no dia 21 de janeiro no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde estava internada desde o dia 3. Dias depois, em 24 de janeiro, a vizinha da família, Maria Jocilene da Silva, que também ingeriu o alimento contaminado no início do ano, voltou a ser internada e morreu após passar mal durante um café na casa de Maria dos Aflitos. A relação entre a morte e o envenenamento ainda está sendo investigada.
O envenenamento ocorreu no dia 1º de janeiro, quando nove pessoas consumiram um baião-de-dois (prato típico da região feito com arroz e feijão) contaminado. As vítimas confirmadas até o momento são:
- Francisca Maria da Silva (32 anos) – enteada do suspeito e irmã de Manoel
- Manoel da Silva (18 anos) – enteado do suspeito e irmão de Francisca
- Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses) – filho de Francisca
- Maria Lauane da Silva (3 anos) – filha de Francisca
- Maria Gabriela da Silva (4 anos) – filha de Francisca
Padrasto é o Principal Suspeito
Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso preventivamente no dia 8 de janeiro em Parnaíba, sendo apontado como o principal suspeito do crime. A polícia identificou contradições em seus depoimentos e sinais de desprezo pelas vítimas, o que reforçou a suspeita de envolvimento no caso.
Francisco vivia com a companheira, Maria dos Aflitos, e os filhos dela. No momento do crime, seis dos oito filhos de Maria estavam morando na residência.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Abimael Silva, o crime aconteceu durante o almoço de 1º de janeiro, em uma casa que abrigava 11 pessoas, o que gerava conflitos de convivência. Após ingerirem o baião-de-dois contaminado com terbufós, uma substância altamente tóxica, Francisco e outros oito membros da família foram levados a uma unidade de saúde.
Inicialmente, suspeitou-se que a intoxicação fosse causada por peixes doados à família, mas exames periciais descartaram essa hipótese, confirmando que o veneno estava presente apenas no baião-de-dois.
Durante os depoimentos, Francisco fez declarações depreciativas sobre sua enteada Francisca Maria e seus filhos. A polícia acredita que essas declarações, junto às contradições no seu relato, justificaram a decretação da prisão preventiva.
A investigação segue em andamento, com um prazo inicial de 30 dias para a conclusão do inquérito, podendo ser prorrogado. A prisão temporária de Francisco também pode ser estendida conforme o andamento das diligências.
Morte de Irmãos
Em 2023, dois filhos de Francisca Maria também morreram por envenenamento. João Miguel Silva, de 7 anos, e Ulisses, de 8 anos, faleceram após ingerirem frutos de caju entregues por uma vizinha. A polícia retomou as investigações do caso após um laudo apontar que os cajus não continham veneno. A vizinha, que havia sido presa, foi libertada após seis meses de reclusão na Penitenciária Feminina de Teresina.
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