Gesto de Hugo Motta não é de ruptura com Lula, mas de chantagem institucional! As #emendasdacorrução estão por traz de tudo
Aliados de Motta admitem que a ira não é com o aumento do IOF em si, mas com o crescente incômodo causado pelo Supremo sobre os métodos de distribuição de recursos no Legislativo

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentou nesta segunda-feira (30) vender ao público a ideia de que está apenas defendendo a autonomia do Legislativo ao reagir contra a possibilidade de o governo Lula acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a anulação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Mas, por trás do tom inflamado, o que Motta e o centrão realmente desejam é outra coisa: pressionar o Palácio do Planalto a frear o Judiciário, especialmente o ministro do STF Flávio Dino, que vem cobrando mais transparência nas famigeradas emendas parlamentares — que o povo já chama, com razão, de “emendas da corrupção”.
Motta tenta pintar a judicialização do tema como um ato de confronto do Executivo contra o Congresso, mas a realidade é mais cínica: o que incomoda não é a eventual ação no STF sobre o IOF, mas a atuação firme de Dino contra o uso obscuro das emendas do relator e das chamadas emendas Pix — usadas por líderes partidários para irrigar redutos eleitorais e comprar lealdade política sem qualquer prestação de contas efetiva. Ao acusar Lula de abandonar a governabilidade com o Congresso e preferir governar "com o STF", Motta escamoteia o verdadeiro objetivo de sua ameaça: forçar o Planalto a conter os avanços do Judiciário sobre o esquema de repasse bilionário de verbas públicas, muitas vezes sem rastreabilidade.
Nos bastidores, aliados de Motta admitem que a ira não é com o aumento do IOF em si, mas com o crescente incômodo causado pelo Supremo sobre os métodos de distribuição de recursos no Legislativo — um incômodo que ganhou força desde a chegada de Flávio Dino à Corte. A ofensiva de Hugo Motta deve, portanto, ser lida como parte de um movimento mais amplo para blindar o centrão das investigações e tentativas de moralização das verbas parlamentares.
A alegação de que levar a questão ao STF representa um “rompimento institucional” soa falsa diante da prática sistemática do Congresso de atropelar o Executivo em votações estratégicas, como foi o caso do próprio IOF. E mais: a ameaça velada de entregar a relatoria da CPI do INSS a Nikolas Ferreira, deputado da extrema direita, revela que Motta e seus aliados seguem tratando o Congresso como moeda de troca — e não como casa da democracia.
Ao fim, a declaração de que não houve traição ao governo soa vazia: o gesto de Hugo Motta não é de ruptura com Lula, mas de chantagem institucional.
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