Arnaldo Eugênio

As mulheres no crime

As mulheres entram no crime por questões socioeconômicas, culturais e egoicas, até de gênero, poder e status.


Reprodução As mulheres no crime
Que fatores podem levar as mulheres à criminalidade ?

Não existe uma única ou específica motivação para que as mulheres entre para o mundo do crime. Nem se trata de uma questão somente do sistema de justiça criminal, pois a criminalidade é fenômeno social complexo sob formas ilimitada de manifestações.

O sistema de justiça criminal é uma parte no processo de enfrentamento e de controle da criminalidade feminina. Ele é um conjunto de órgãos públicos que atua (ou que deveria atuar integrado) na investigação, processamento e julgamento de crimes, além da aplicação de penas e medidas de ressocialização aos infratores e criminosos.

Do mesmo modo que o fenômeno das mulheres no crime, a justiça criminal é um sistema complexo que visa garantir a aplicação da lei, proteger a sociedade e os direitos individuais – tanto das vítimas quanto dos acusados, na medida da proporcionalidade.

Todavia, se o sistema focar apenas na superficialidade ou obviedade do fato social – as mulheres no crime –, além de não compreender as dimensões do fenômeno, não contribuirá para enfrentar as raízes causais, tornando toda ação em apenas mais um paliativo, sem enfeito.

As mulheres entram no mundo criminoso por múltiplos fatores e interesses, que incluem desde questões socioeconômicas, culturais e egoicas, até de gênero, poder e status.

Embora alguns estudos e agentes de segurança pública insistam em reduzir as causas da criminalidade feminina à pobreza, ao desemprego, à falta de oportunidades e a influência de parceiros já envolvidos em atividades criminosas.

Isto, em parte, é verdade, mas não é somente isso. Pois, por exemplo, a estrutura machista, misógina e patriarcal na sociedade brasileira, que muitas vezes marginaliza, humilha e limita as mulheres, também é fator que contribui para que elas arrastadas ou iludidas para o mundo do crime.

Os fatores socioeconômicos – como pobreza e a falta de oportunidades de emprego – podem influenciar as mulheres a se envolverem em atividades criminosas, como uma forma aparente de sobrevivência ou de obtenção de renda.

É factual que, a influência de parceiros criminosos pode, também, levar muitas mulheres a se envolverem em ações criminosas e práticas ilícitas no mundo do crime, seja por ego, afinidade, necessidade, proteção, poder, status ou por pressão de terceiros.

Outros dois fatores a serem considerados são o preconceito e discriminação contra as mulheres na sociedade brasileira. Ou seja, a estrutura machista e patriarcal, e pouco acesso ao mercado de trabalho para as mulheres, pode contribuir para a criminalidade. Na ilusão de que, assim, removeram todos os impecílios para a sua realização pessoal e material.

Ademais, é real noutros casos específicos, que o efeito rebote ou a reversão de efeito de traumas e de violência sofridas pelas mulheres, também, podem fazê-las ancorarem no mundo do crime como válvula de escape para as dores do corpo e da alma.

Assim, a violência doméstica, o abuso sexual e outros traumas podem levar algumas mulheres a se envolver em atividades criminosas como forma cega de “se livrar” das dores existenciais, catalisando-as no mundo do crime.

Em alguns casos, movidas pelo ego, algumas mulheres se envolvem no crime em busca de reconhecimento social, poder ou status fora e dentro da organização criminosa, como tentativa de superar a marginalização social e a falta de oportunidades para atender às expectativas alheias.

Portanto, uma infinidade de fatores – estruturais, pessoais e conjunturais – pode levar uma mulher a se envolver, em nível ilusório, nas atividades criminosas.

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