A folia de crimes
Durante o carnaval, criminosos se aproveitam da distração dos foliões e da falta de vigilância nas residências. Prevenção é essencial para evitar furtos e outros crimes.

No período de carnaval, aqueles que praticam crimes para dilapidar o patrimônio privado se aproveitam da displicência dos foliões, sem precisar de máscaras e de marchinhas nem de confetes e serpentinas. À medida em que os foliões se prepararam para “curtir” o carnaval fora de casa, oportuniza aos criminosos a chance para roubar e furtar os imóveis fechados temporariamente e os brincantes distraídos nas ruas.
A expressão "carnaval" vem do latim “carnis levale”, que significa "retirar a carne" e está relacionada com o jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma. Por um lado, o carnaval é um dos feriados mais aproveitados pelos brasileiros para viagens em família e, por outro lado, é, também, um momento em que muitas residências podem se tornar um alvo fácil para quadrilhas de ladrões.
Independentemente de carnaval, os crimes de oportunidade têm dinâmicas próprias e variáveis específicas, que, em parte, podem ser abortados e reprimidos pelas forças de segurança. Mas, sem uma atitude preventiva dos foliões nas ruas e não deixarem as “moradias engomadas” – ou seja, as residências prontas para “receber” assaltantes –, a segurança pública por si não poderá proteger o patrimônio privado de todos as pessoas.
No caso específico de “moradias engomadas”, a situação de sair ou viajar, deixando as residências sem vigilância, e ainda por cima postar fotos nas redes sociais “brincando” o carnaval fora de casa, é uma dica para os criminosos praticarem roubos e furtos, através de um crime de oportunidade, isto é, um ato criminoso que acontece quando uma pessoa criminosa aproveita a chance de cometer um crime sem ter planejado.
Por isso, durante o carnaval muitos criminosos se aproveitam do vacilo dos foliões fora de casa para realizarem a própria “alegria criminosa”. Em muitos casos, as residências mostram os sinais de “ambiente vazio” dando dicas para a atuação dos ladrões, tais como: luzes acessas, ausência de vigias ou vigilantes ou cães de guarda ou vizinhança solícita.
Contudo, é relevante acrescentar que durante o carnaval não são somente os roubos e furtos a residências que mais acontecem na “folia de crimes”. Pois, enquanto muitos se embebecem na folia momesca, outros estão eufóricos para praticarem vários tipos de crimes, tais como: golpes, importunações sexuais, depredações do patrimônio público, lesões corporais, ultrajes públicos ao pudor, atos obscenos, estupros, ameaças, tráficos de drogas e vendas de bebidas falsificadas, dentre outros.
Nesse sentido, a “folia de crimes” não é só um privilégio do carnaval ou apenas no período do carnaval, mas uma prática criminosa mais intensificada no período momesco, devido a variedades de situações e de oportunidades que ensejam determinados tipos de crimes – p.ex. crimes contra a pessoa, crimes contra a propriedade, crimes financeiros, crimes contra a moral e a ordem pública, crimes cibernéticos etc.
Porém, a criminalidade é um fenômeno social complexo, para além da obviedade, com dinâmicas e variáveis que não são compreendidas nem resolvidas apenas com o senso comum, o recrudescimento de penas ou através de discursos de autoridade. Os roubos e furtos às “residências engomadas” durante a folia de momo, a desatenção e a falta de atitudes de prevenção dos proprietários são os fatores primordiais para que sejam vítimas, mesmo havendo um plano de segurança pública para lidar com os crimes no período carnavalesco.
Todavia, a “folia de crimes” não deve ser motivo para alguém deixar de “momescar” por medo de furtos e roubos à residências. Pois, mesmo os que ficam em casa durante o carnaval devem, também, adotar medidas de prevenção para evitar os criminosos oportunistas.
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