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Queiroga decidiu suspender vacinação para adolescentes sem ouvir técnicos

O ministro alegou falta de evidências científicas para o recuo na vacinação de adolescentes

Foto: G1Dr. Marcelo Queiroga
Dr. Marcelo Queiroga

A suspensão da vacinação de adolescentes contra a Covid-19, anunciada nesta quarta-feira (17), pela Secretaria Especial da Covid do Ministério da Saúde, não passou pelas equipes de especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica do Ministério da Saúde. Os conselhos de secretários de saúde estaduais e municipais também não foram consultados. Queiroga passou na frente deles.

A forma como a decisão foi tomada provocou irritação entre os membros da Câmara, do PNI e dos secretários de saúde. “Não fomos informados, nem consultados dessa decisão. Não entendo e não vejo clareza em suspender a vacinação”, diz um dos membros da câmara técnica que pediu para não ser identificado.

Embora a consulta a essas instâncias não seja obrigatória por lei, ela sempre é feita porque esse tipo de decisão tem um impacto abrangente não só no esquema de vacinação mas no próprio planejamento da imunização em geral.

O próprio Ministério da Saúde havia publicado na segunda-feira (13), um “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação”, este sim feito em conjunto com os órgãos consultivos do ministério da Saúde, recomendando que os adolescentes fossem vacinados depois de se completar a primeira dose na população acima de 18 anos.

Por esse plano, primeiro seriam vacinados os adolescentes com comorbidades. Depois, os outros. O ministério previa que essa etapa começasse no dia 15 de setembro, mas muitos estados a anteciparam por já terem completado a primeira dose nos adultos. Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, já vacinaram mais da metade dos adolescentes.

Ministério da Saúde afirma que mais de 3 milhões de adolescentes já foram vacinados no Brasil todo. “Tinha essa recomendação, mas os estados já tinham vacinado os outros grupos”, diz Daniel Soranz, o secretário municipal do Rio de Janeiro. “Não iríamos ficar com vacina em estoque sem aplicar. Isso nunca aconteceria.”

Na “nota informativa” publicada na noite desta quarta-feira (15), o ministério justifica a decisão dizendo que a “Organização Mundial de Saúde não recomenda a imunização de crianças adolescentes, com ou sem comorbidades”. Técnicos que integram a comissão dizem que a informação está distorcida e que a decisão gera insegurança na população contra a vacina.

Com informações da Coluna de Malu Gaspar no O Globo

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