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Escola “celebra” Consciência Negra com alunos brancos pintados de preto; coletivos repudiam

Ato ocorreu em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Imagens revoltaram movimentos negros, que acusam prática de racista

Foto: Reprodução/Redes sociaisPublicação da escola
Publicação da escola

Imagens de alunos brancos pintados de preto, publicadas nas redes sociais por um colégio particular de Gurupi, cidade do Sul do Tocantins, gerou revolta de seguidores e acusação de “blackface” por parte de movimentos negros.

As fotos foram postadas no perfil do Instagram, nessa sexta-feira (19/11). Em uma delas, uma criança branca aparece pintada com tinta preta e usando uma peruca que simula o cabelo black power.

O ato ocorreu durante evento de celebração do Dia Nacional da Consciência Negra, promovido pelo colégio. Coletivos e grupos de combate ao racismo definiram a prática como discriminatória, racista e publicaram notas de repúdio.

Na legenda da publicação, o colégio escreveu: “Dia 20 de de novembro comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. E hoje nossos alunos vieram caracterizados para comemorarmos este dia tão importante e para refletirmos o quanto Deus nos tornou irmãos e que perante ele somos todos iguais. Me conta aqui nos comentários se você gostou da caracterização dos nossos alunos”.

Blackface é uma prática iniciada há pelo menos dois séculos, que consiste em se fantasiar de forma caricata e pejorativa de uma pessoa negra. De certa forma, os negros eram ridicularizados para o entretenimento dos brancos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

Reação

Os comentários contrários e repudiando o ato do colégio foram imediatos. Vários seguidores criticaram a escola, que apagou o post horas depois e publicou, em seguida, uma nota de esclarecimento.

O caso foi noticiado pelo portal G1. O colégio alegou que não fez pintura nas crianças e nem as estimulou. Disse, ainda, que quis “valorizar a cultura negra e afrodescendente na escola e fora dela, assim como promover a reflexão e resgate da identidade negra”.

O coletivo Nacional da Juventude Negra (Enegrecer) considerou inaceitável a postura da escola. “É inconcebível que uma escola que se propõe o papel de educar futuros cidadãos se preste ao papel de expor e incitar crianças à discriminação ou preconceito de raça, cor”, apontou em nota.

Em Gurupi, o Coletivo Negro considerou inadequada a estratégia pedagógica e reforçou que a população negra não quer ser ridicularizada pelo tom de pele, cabelo e outros traços. A alegação essencial é de que o negro não é uma fantasia.

“Não vamos aceitar atitudes que há muito tempo provocam ridicularização e rebaixamento”, escreveu o coletivo.

Veja a nota do colégio:

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