Pensar Piauí

Maricá (RJ) desbanca São Paulo como maior polo industrial do Brasil

Cidade com longa história de governos petistas é a que mais cresce no país

Foto: ReproduçãoMaricá
Maricá

RBA -  Maricá é uma cidade litorânea da Região dos Lagos no Rio de Janeiro. O município conta com governos petistas desde 2008. Desde então, a cidade viu mudanças drásticas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta semana, o município fluminense entrou na lista da 10 cidades mais ricas do país. Mais do que isso, ultrapassou São Paulo como a maior força industrial do Brasil.

Desde o início da série histórica, em 2002, São Paulo marcava presença como maior polo industrial do Brasil. Contudo, em 2021, a situação mudou. Maricá, agora, concentra 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, diante de 3,1% de São Paulo. Em relação ao PIB geral, São Paulo caiu de 12,7% da fatia brasileira para 9,2%. Foi a cidade que mais caiu em relação à participação na economia nacional. Já Maricá, foi a que mais cresceu.

Maricá beirava o 0% de participação. Agora, tem 1%. E tudo isso, com um modelo de gestão diverso do padrão nacional. A cidade conta com incentivos sociais, como uma moeda local – chamada mumbuca para facilitar trocas em um câmbio privilegiado. Além disso, conta com uma grande diversidade de equipamentos públicos, de escolas e creches a até mesmo um cinema comunitário, o Cine Henfil.

Presente e futuro de Maricá

Boa parte da riqueza de Maricá deriva da indústria de óleo e gás e da presença da Petrobras na região. Assim, a cidade mantém investimentos e reservas voltadas à população. “Através de políticas públicas sociais para o desenvolvimento do povo, para garantir renda, garantir o ir e vir, garantir uma economia pujante. E para garantir isso tudo, Maricá mantém uma poupança dos royalties que é do povo”, comenta o prefeito Fabiano Horta (PT).

Diante dos desafios para o futuro, Maricá também aponta para uma possível variação na sua produção industrial, migrando para fontes verdes de energia. Marcelo Coutinho, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comenta em artigo para o veículo local Maricá Info, que a cidade precisa correr para manter o bom ritmo de crescimento. “As cidades com visão de futuro precisarão agir ainda nesta década para obter as melhores chances de aproveitar a oportunidade que está agora aberta. Quem sair na frente ‘sentará na janela'”, afirma.

Economia verde

“Maricá precisa já começar a desenvolver um plano de transição, não só porque os recursos provenientes do petróleo vão sofrer uma queda brusca, mas também para gerar empregos numa nova era de desenvolvimento sustentável, sem a qual metade do município pode desaparecer em meados deste século, inundada pelo mar. Não se trata apenas de ecologia, mas da sobrevivência das futuras gerações com menos de 30 anos, e da cidade como um todo, que cresceu bastante nos últimos tempos, e agora precisa encontrar um novo caminho para continuar prosperando”, completou.

Para o especialista, existem desafios. Contudo, um dos caminhos possíveis é a de exploração e beneficiamento de hidrogênio. “A economia do hidrogênio verde poderá se beneficiar de ações políticas e apoio regulatório pelo menos nos primeiros anos dessa indústria nascente, para ajudar a desenvolver soluções na escala necessária. O problema para o desenvolvimento da indústria é alinhar todas as suas etapas e processos necessários para o seu sucesso e, em seguida, colocá-los em ordem num planejamento bem consistente”, afirma.

E a prefeitura observa estas possibilidades através de incentivos especiais. Atualmente, por exemplo, a cidade tem em andamento o Programa de Incubação do Parque Tecnológico de Maricá, com objetivo de mirar na inovação. “O processo seletivo tem como objetivo selecionar pessoas físicas com projetos de startups e empresas nascentes de base tecnológica”. Segundo o edital, são considerados “projetos de base tecnológica toda e qualquer proponente que fundamente suas atividades produtivas no desenvolvimento ou em melhorias significativas de novos produtos, processos ou serviços utilizando a aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecnológicos”.

Foto: ReproduçãoMapa

 

O estudo

Os dados sobre a atividade econômica são do estudo PIB dos Municípios, divulgado nesta sexta-feira (15). Entre os dados, o fato de que apenas quatro cidades – São Paulo (12,7%), Rio de Janeiro (6,3%), Brasília (3,6%) e Belo Horizonte (1,6%) – representavam cerca de um quarto do PIB nacional. Já em 2021, 11 cidades formavam esse grupo, correspondente a aproximadamente 25% da economia.

Em 2021, além de São Paulo (9,2%), Rio de Janeiro (4%), Brasília (3,2%) e Belo Horizonte (1,2%), entraram na lista Manaus (1,1%), Curitiba (1,1%), Osasco (SP) (1%), Maricá(RJ) (1%), Porto Alegre (0,9%), Guarulhos (SP) (0,9%) e Fortaleza (0,8%).

De acordo com o IBGE, a desconcentração é uma tendência acentuada em 2020. As capitais concentram grande parte das atividades de serviços presenciais que sofreram medidas restritivas de isolamento durante a pandemia da covid-19.

Enquanto São Paulo é a capital mais rica, a tocantinense Palmas fecha a lista, com apenas 0,1% de participação no PIB nacional.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS