Pensar Piauí

Internet 5G e o medo americano

Foto: Google5G
5G

Elton Arruda, professor, geógrafo e presidente da CTB no Piauí

A mais de um ano a empresa Huawey (empresa chinesa de altíssima tecnologia) sofreu diversos ataques por parte do governo americano. Acusada de traficar tecnologia, espionagem e outras coisas, a empresa é a principal do mundo no desenvolvimento da chamada Internet 5G (quinta geração). O que move a Casa Branca, centro mundial de poder, é reação a incrível inovação que significa a quinta geração de internet.

Com a internet 5G o novo ritmo do tráfego de informação passará de 10 gigabytes por segundo. Ela é, pelo menos, dez vezes mais potente do que a sua antecessora – 4G. A tecnologia 5G traz a inovação do uso das Ondas Milimétricas (mmWave), que garante massiva conectividade e sua frequência vai de 24 GHz e até 60 GHz. De tão alta, praticamente não tem interferência. Para ilustrar basta lembrar que a chegada da quarta geração de internet no Brasil, tendo como referência os 700 MHz, impôs o fim do sinal analógico da televisão para “limpar caminho”. A internet 5G tem problemas como a sua utilização no celular que exige um telefone muito maior e com mais antenas, mas quando o assunto é transferência de dados em larga escala utilizados nas áreas de saúde, transporte, segurança, informação e conexão de um número incontável de aparelhos ao mesmo tempo, ela é absolutamente revolucionária e mudará a sociedade.

A principal preocupação das grandes potências é uso desta tecnologia na disputa global de poder, especialmente entre a China e os USA. O governo americano faz uma verdadeira Cruzada sobre o assunto. Fez clara pressão ao governo alemão, para não utilizar tecnologia 5G oferecida pela empresa chinesa. Nos primeiros dias de agosto deste ano mandou ao Brasil seu Secretário de Comercio (Wilbur Ross) para falar dos “riscos” da internet de quinta geração. O discurso usado passa pela denúncia da legislação chinesa, afirmando que suas empresas são obrigadas a cooperar com a política militar do país. Logo, as informações, serviços envolvidos e usuários estariam vulneráveis aos chineses por conta da interconectividade de equipamentos, Internet das Coisas e da Inteligência Artificial (potencializados pela 5G). Dessa forma as empresas americanas poderão perder o primeiro lugar em informações e no controle sobre as pessoas do mundo inteiro, perdendo a capacidade de influenciá-las.

Outro problema, de ordem militar, que deixa sob alerta o pentágono é a possibilidade da frequência usada para viabilizar a quinta geração de internet interferir nos satélites e nos serviços meteorológicos. As informações sobre as condições atmosféricas são decisivas na elaboração de manobras e incursões militares e vitais para a marinha e aeronáutica.

A novidade é tão poderosa quanto a bomba atômica e pode alterar definitivamente a correlação de forças entre os países do mundo. A internet 5G não é somente uma questão comercial, é geopolítica e tem dimensão histórica do ponto de vista da disputa pelos rumos da humanidade.

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