Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

A sociologia é uma ferramenta educacional importante que desperta nos estudantes a reflexão e a crítica

Foto: Google ImagensQue se reflita e se critique
Que se reflita e se critique

Entendemos que a função social da escola é socializar o saber, levando em consideração o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos estudantes, capacitando-os a tornar-se cidadãos participativos na sociedade. Cabendo à escola garantir a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização do indivíduo, bem como propiciar-lhe o domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, do pensar, da ciência, das artes e das letras, visando o exercício da cidadania.

Atualmente, por um lado, as escolas têm dificuldades em realizar a socialização para promover a cidadania, devido à ausência de condições estruturais, a baixa participação familiar, a desmotivação dos alunos, a descrença social no papel da escola. Por outro lado, a escola passou a ser cobrada por outras funções sociais distantes das suas condições para realizá-las, como cuidar da educação sexual, educação para o trânsito, educação para o consumo etc.

Nesse contexto, torna-se um desafio desenvolver a Sociologia na escola e aplicar as suas dimensões educativas, considerando o histórico de intermitência como disciplina nos currículos escolares, sempre sujeita às reformas educacionais no país, impedindo a inserção dos saberes sociológicos nos níveis de formação básica e nos projetos político-pedagógicos das escolas, dificultando a permanência e o fortalecimento institucional.

A Sociologia tem como objeto de estudo a sociedade, buscando compreender o comportamento humano e suas várias formas de organização social. Nesse sentido, ela pode ser uma aliada da escola na realização da função socializadora, para promover a cidadania através de um processo educativo inclusivo, onde todos sejam os protagonistas de uma formação contínua em adquirir conhecimentos, com criticidade e reflexibilidade, e socializá-los com as novas e futuras gerações.

Segundo Miguel Arroyo (2000), “a escola não se define basicamente como um lugar de falas, mas de práticas, de afazeres”. Assim, o ensino da Sociologia deve ser posto num ambiente escolar que, além das dimensões de formar adolescentes e jovens numa perspectiva de enfrentamento com a realidade social, contém em si tanto possibilidades de uma “visão harmoniosa do mundo”, questionando sobre os fundamentos da ordem social, quanto de uma educação emancipadora, que busca compreender e transformar a ordem social injusta para as maiorias sociais (GADOTTI, 2000).

A perspectiva sociológica é uma ferramenta educacional importante para despertar nos estudantes a criticidade e a reflexibilidade sobre a realidade e a sociedade em que vivem. Dentre os seus desafios, como disciplina obrigatória no ensino médio em vários países - incluindo o Brasil -, está a de se fazer "ponte" entre o sujeito e a realidade, o indivíduo e a sociedade. A preocupação do professor de Sociologia no ensino médio é desenvolver nos seus alunos a capacidade de ver a realidade em que vivem com “outro olhar”, além do senso comum. No ensino médio devemos ensinar os estudantes a pensar sociologicamente, utilizando todos os elementos que a Sociologia pode lhes oferecer (TOMAZI, 2007).

A Sociologia pode despertar crianças, jovens e adultos para perceberem as complexidades e as sutilezas da ordem social das coisas, instruindo-os reflexivamente em suas práticas sociais. Desse modo, a Sociologia aparece como provedora de "meios de decifrar e de contestar os discursos de ilusão sobre o mundo social" postulados pelos sofistas dos tempos modernos – os tais especialistas.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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