Economia

Pouca vergonha: Armínio Fraga propõe congelar salário mínimo por seis anos

A elite brasileira se opões ao combate às desigualdades


Montagem pensarpiaui Pouca vergonha: Armínio Fraga propõe congelar salário mínimo por seis anos
Para as classes de cima todas as banesses, para os de baixo, arrocho

Durante a Brazil Conference — evento sediado nas prestigiadas universidades de Harvard e MIT, nos Estados Unidos — o financista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo FHC e atualmente um dos homens mais ricos do Brasil, defendeu uma proposta que causou indignação generalizada: o congelamento do salário mínimo em termos reais por um período de seis anos.

Segundo Fraga, o piso nacional deveria ser reajustado apenas pela inflação durante esse período, sem qualquer ganho real. A justificativa? Direcionar os supostos recursos economizados para políticas de transferência direta de renda e serviços públicos. No entanto, a proposta ignora — ou despreza — o papel do salário mínimo como instrumento fundamental de valorização do trabalho, combate à pobreza e estímulo à economia via consumo interno.

Ao sugerir que os mais pobres arquem, mais uma vez, com os custos do ajuste fiscal, Fraga revela uma concepção de país que continua reproduzindo a lógica da austeridade seletiva. Enquanto o topo da pirâmide social — onde ele próprio se encontra — segue blindado de qualquer forma de redistribuição, a conta continua chegando para trabalhadores, aposentados e pensionistas.

A fala de Fraga foi divulgada pelo portal UOL Economia e não passou despercebida. As reações vieram de diversas frentes do governo e da sociedade civil. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), ironizou a proposta: “Armínio, não é nada pessoal. Mas você se colocou no lugar dessas pessoas? Toparia viver com esse salário mínimo congelado por seis anos?”, questionou.

Ainda mais contundente foi Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que usou as redes sociais para denunciar o que considera um reflexo da mentalidade elitista brasileira. “A elite brasileira perdeu a vergonha de vez. Resolveu assumir sem pudor sua origem escravocrata. O desespero desses parasitas do mercado financeiro é que @LulaOficial vai ganhar DE NOVO”, escreveu Cappelli, escancarando a indignação de uma ala do governo que vê no congelamento do salário mínimo um atentado direto à dignidade da população trabalhadora.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) também reagiu com dureza, acusando Fraga de representar o pensamento das "elites cheirosas", próximas a nomes como Aécio Neves e blindadas pela grande mídia. “Por isso, nada de centro. O PT precisa se manter ao lado do trabalhador”, afirmou.

O episódio revela mais do que uma proposta econômica controversa — expõe uma divisão clara entre dois projetos de país. De um lado, a defesa da justiça social, do trabalho digno e do fortalecimento do mercado interno. De outro, uma visão tecnocrática e excludente, que insiste em repetir as fórmulas de ajuste fiscal que historicamente penalizam os que menos têm.

Congelar o salário mínimo por seis anos é, na prática, congelar o poder de compra de quem já vive no limite — é impor mais sacrifícios a quem já carrega o peso de uma economia desigual. A proposta de Fraga não é apenas insensível: ela reafirma o abismo entre as decisões econômicas tomadas por quem vive no topo e a realidade de milhões que dependem do mínimo para sobreviver.

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