“Cavalo de pau”! A (nova) declaração de Hugo Motta sobre pautar a anistia
Condução na Câmara volta a ser instável

A condução dos trabalhos na Câmara dos Deputados voltou a ser marcada pela instabilidade e contradições. Depois de sinalizar que não daria andamento ao Projeto de Lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), surpreendeu nesta terça-feira (15) ao indicar uma possível mudança de postura.
Durante viagem fora de Brasília, Motta usou as redes sociais para afirmar que a decisão sobre a tramitação do projeto será submetida ao Colégio de Líderes — um movimento interpretado como recuo em relação à sua posição anterior. Até então, o parlamentar vinha resistindo a pautar o tema, mesmo diante de intensa pressão da extrema direita, incluindo ameaças vindas da bancada bolsonarista. Seu discurso era de cautela, sem endossar a proposta, mas também sem condená-la de forma explícita.
A nova sinalização foi lida por interlocutores como uma tentativa de se eximir da responsabilidade política direta sobre o avanço de uma proposta que pode beneficiar réus por tentativa de golpe contra as instituições democráticas. Na prática, ao transferir a decisão aos líderes partidários, Motta abre espaço para que o projeto avance, caso obtenha maioria nesse fórum.
“Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, afirmou o presidente da Câmara em publicação nas redes sociais, defendendo o compartilhamento de decisões.
O gesto acontece em um momento em que a proposta vinha perdendo fôlego, com críticas públicas inclusive por parte do ministro do STF Gilmar Mendes, que classificou o projeto como uma tentativa de “manobra”. A nova movimentação, no entanto, reacende o alerta sobre a possibilidade de que a pauta seja retomada e receba sinal verde para tramitar.
Nos bastidores, a avaliação é de que a decisão de Motta pode favorecer os interesses do bolsonarismo, que ainda mantém influência considerável entre líderes partidários. A partir de agora, a condução do tema deixa de ser uma decisão exclusiva da presidência da Casa e passa a depender do jogo de forças dentro do plenário.
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