Frente democrática pode viabilizar impeachment
Em busca de alternativas à salvação do Brasil, hoje entregue ao governo Bolsonaro e todo seu obscurantismo, sua escalada autoritária, seu ataque ao estado democrático de direito, sua militarização enviesada crescente, sua aliança tática com as milícias, etc., é preciso resistir, lógico. E para isso se faz necessário unir forças, não apenas do chamado campo progressista, das esquerdas e tal, mas também do centro e centro-direita. Trocando em miúdos, se tem que, como diz o ex-ministro José Dirceu, formar uma frente democrática.
José Dirceu, uma das figuras políticas mais importantes da história brasileira recente, orienta no sentido do que já se faz sentir, do que é perceptível a todos os democratas, ou seja, está na hora de construir uma ampla frente em defesa da democracia, portanto, contra o autorismo e o neofascismo do governo. Ele tem razão, quando defende que as esquerdas precisam não apenas construir condições de unir forças, mas igualmente compor com os liberais, por exemplo, que são democratas e não mais aceitam qualquer retorno à ditadura.
Os editoriais do jornal O Globo, ou seja, a posição do grande grupo empresarial controlado pela família Marinho, o mais poderoso da mídia nacional, têm mostrado que há uma repulsa crescente, até por parte das elites econômicas liberais, ao circo de horrores que caracteriza o governo Bolsonaro. Por aí, se vê que há setores dessas elites, que perceberam, muito tardiamente, a grande ameaça à liberdade, diversidade e pluralidade neste País. E é com esses setores elitistas que o campo progressista deve compor, o mais urgente possível.
Impeachment é construção
O ideal é que essa ampla frente democrática, defendida pelo ex-ministro do PT, que está em Teresina (PI) para uma série de compromissos – palestras, entrevistas, reuniões e lançamento do livro “Zé Dirceu - Memórias - Volume I” –, atue no sentido de construir as condições do impeachment de Bolsonaro. Porém, como observa José Dirceu, essa construção só pode ser viabilizada pela composição de todas as forças democráticas, ou seja, todos os partidos de esquerda, centro e centro-direita e outros segmentos da sociedade civil organizada.
As condições políticas têm que estar colocadas à mesa, já que há elementos comprobatórios de sobra em torno do cometimento de diversos crimes de responsabilidade, por parte do presidente Jair Bolsonaro. Praticamente, a cada dia, ele comete um novo crime de responsabilidade, seja quebrando o decoro do cargo de chefe de estado, atacando a imprensa, incitando e apoiando manifestações antidemocráticas, cujos objetivos sinistros, entre tantos outros, giram em torno do fechamento do Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
Como Bolsonaro e seu posto ipiranga, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não dispõem mais, a seu favor, do duvidoso trunfo relacionado ao aspecto da economia, que se transformou num desastre socioeconômico, não há mais motivo para que eles continuem em Brasília (DF). Em definitivo, o Palácio do Planalto e o Ministério da Economia não são – nem nunca foram – lugar para eles, cujos perfis e personalidades são – e sempre foram – completamente incompatíveis com os respectivos cargos.
Deixe sua opinião: