Meio Ambiente

Fogo em SP e água no RS anunciam ao Brasil seu novo normal e seu novo clima

Os paulistas dependem da Amazônia para sobreviver, literalmente


Fogo em SP e água no RS anunciam ao Brasil seu novo normal e seu novo clima
Fogo em Ribeirão Preto / SP

Por Leonardco Sakamoto, jornalista, no facebook 

O céu alaranjado tomando conta de cidades, linhas de fogo gigantes travando rodovias, falta de água para consumo humano ou animal, rajadas de cinzas invadindo casas e muita dificuldade de respirar mostrou a São Paulo, nos últimos dias, um vislumbre de seu futuro. Sim, o pujante estado pode virar um plágio mal ajambrado de Mad Max, a série de filmes pós-apocalíptica, com as mudanças climáticas.

Os paulistas dependem da Amazônia para sobreviver, literalmente. Na América do Sul, na África e na Austrália, o Trópico de Capricórnio corta desertos. Por aqui, graças à umidade que vem da nossa maior floresta, bate na Cordilheira do Andes e desce para o Sudeste e o Sul é que temos vida.

Quando a Amazônia vive seca, a gente se lasca junto. Seja nas mãos de criminosos, seja por acidente, o fogo encontra por aqui um ambiente propício para se alastrar. Se a floresta for para o saco, São Paulo vai junto. Simples assim. Tchau, tchau agropecuária e indústrias. O comércio, por outro lado, sempre vai ter, até porque vamos precisar de quem venda máscaras e remédios.

O El Niño acabou, mas seus efeitos continuam, potencializados pelas mudanças climáticas. Não é que nunca vivemos um cenário Mad Max antes, mas eventos extremos se tornaram mais frequentes por nossa culpa. Se você discorda disso, faz parte dos 20% negacionistas, segundo pesquisa Datafolha do mês passado, que veem em tudo isso uma oscilação natural.

Agora, todos assistem assustados o clima pintar cenários apocalípticos. O que muitos chamam de inferno é apenas um aperitivo de nosso novo normal. O fogo que consome áreas de São Paulo toca a mesma trombeta da água que cobriu o Rio Grande do Sul e matou dezenas, anunciando que um novo clima veio para ficar.

Não acreditem em quem fala que estamos em contagem regressiva: já adentramos uma nova era de extinção em massa de uma série de espécies. Talvez menos a nossa. Pois, ao final, os ricos comprarão sua segurança e herdarão a Terra, desta vez mais árida e violenta. Sem Tina Turner (para os mais velhos), nem Anya Taylor-Joy e Charlize Theron, num plágio de Mad Max — que virá não como tragédia, mas como farsa.

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