Política

DE NOVO? Outro escândalo de Flávio Bolsonaro e os chocolates

Filho do ex-presidente, que já foi acusado pelo MP do Rio de usar lojinha do doce para lavar dinheiro da rachadinha, volta aos holofotes


Reprodução DE NOVO? Outro escândalo de Flávio Bolsonaro e os chocolates
DE NOVO? Outro escândalo de Flávio Bolsonaro e os chocolates

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) está de volta aos holofotes por um episódio que remete a uma antiga e controversa história: sua ligação com uma franquia de chocolates investigada no passado por suposta lavagem de dinheiro. Desta vez, o caso gira em torno do financiamento de uma mansão de quase R$ 6 milhões, em Brasília, cuja renda declarada tem, mais uma vez, sabor de chocolate.

Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (1º) revelou que Flávio usou a receita de sua participação na loja Kopenhagen, instalada em um shopping do Rio, como principal fonte de renda para justificar a obtenção de um empréstimo de R$ 3,1 milhões junto ao Banco de Brasília (BRB), em 2021. À época, ele declarou renda mensal de R$ 56.833,51 — sendo metade desse valor (R$ 28.525,83) oriunda do negócio com chocolates. Outros 44% vinham de sua remuneração como senador e os 6% restantes de aplicações financeiras.

A operação é alvo de uma ação popular movida pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que questiona a legalidade do empréstimo e levanta suspeitas de favorecimento político, uma vez que Flávio é filho do então presidente Jair Bolsonaro. A parlamentar argumenta que a posição de poder do senador e os vínculos familiares com o chefe do Executivo poderiam ter influenciado a decisão do banco.

A defesa de Flávio alegou ainda que parte da renda teria origem na advocacia. No entanto, investigações apontaram que, apesar de estar regularmente inscrito na OAB do Rio e do Distrito Federal, o senador não possui registros de atuação ativa como advogado.

O BRB, por sua vez, afirmou que a concessão do crédito seguiu todos os trâmites legais e padrões de mercado. A mansão foi oferecida como garantia fiduciária, reduzindo os riscos da operação. À época, a renda familiar de Flávio e sua esposa, Fernanda Bolsonaro, somava R$ 65.483,51 mensais — aproximadamente R$ 85 mil em valores corrigidos pela inflação.

Outro ponto que chamou atenção foi a quitação antecipada do financiamento, inicialmente previsto para 30 anos. Entre novembro de 2022 e março de 2024, Flávio realizou seis pagamentos que totalizaram R$ 3,36 milhões, com parcelas que chegaram a R$ 997 mil. O último pagamento, de R$ 520 mil, liquidou a dívida.

Embora tenha se afastado da administração da loja de chocolates em fevereiro de 2021, pouco após a assinatura do contrato da mansão, Flávio argumenta que usou recursos provenientes da empresa para dar entrada no imóvel. Ele também reafirma que sua renda não se restringe ao salário parlamentar, mencionando atuação como empresário e advogado — embora sem comprovação prática na advocacia.

O Ministério Público do Distrito Federal avaliou a documentação apresentada e concluiu que a operação foi legal e respaldada por registros fiscais e contábeis. O promotor Eduardo Gazzinelli Veloso destacou que, com o contrato já quitado, não há risco ou prejuízo ao erário.

A ação popular, no entanto, continua em andamento na 1ª Vara Cível de Brasília e aguarda julgamento. A defesa do senador nega qualquer irregularidade, enquanto a autora do processo insiste na tese de favorecimento político. A controvérsia reacende discussões sobre a origem dos recursos e a conduta ética de figuras públicas na gestão de seu patrimônio.

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