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Instituto de pastor ligado a Michelle recebeu R$ 1,2 milhão em emendas

As emendas foram de aliados de Bolsonaro, incluindo o investigado Alexandre Ramagem


Reprodução Instituto de pastor ligado a Michelle recebeu R$ 1,2 milhão em emendas
Instituto de pastor ligado a Michelle recebeu R$ 1,2 milhão em emendas

O Instituto Assistencial Atitude, organização sem fins lucrativos liderada pelo pastor Josué Valandro de Oliveira Junior — da Igreja Batista Atitude, frequentada por Michelle Bolsonaro — recebeu R$ 1,2 milhão em recursos públicos por meio de emendas parlamentares de dois aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os repasses foram feitos pelos deputados federais Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ), ambos próximos ao ex-presidente. Ramagem é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. As verbas foram destinadas à entidade com sede na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Em maio de 2023, Ramagem, que chefiou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, destinou R$ 500 mil ao instituto para ações nas áreas de esporte, educação e inclusão social. Já em junho de 2025, Hélio Lopes direcionou R$ 700 mil para o programa de creche gratuita mantido pela organização.

Fundado em 2016, o Instituto Atitude afirma ter atendido cerca de 400 mil pessoas e servido 410 mil refeições, além de oferecer atendimento psicológico, apoio a dependentes químicos e atividades educativas. A entidade tem forte presença nas redes sociais, com mais de 700 mil seguidores.

Investigação sobre uso político da Abin

Alexandre Ramagem é um dos principais alvos de investigações que envolvem o uso ilegal da Abin durante o governo Bolsonaro. Em junho, a Polícia Federal divulgou relatório que detalha o funcionamento da chamada "Abin paralela", estrutura acusada de monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e opositores do governo.

De acordo com o documento, tornado público por ordem do ministro Alexandre de Moraes, mais de 30 pessoas foram indiciadas, incluindo o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. A investigação aponta que o grupo utilizava o software israelense First Mile para rastrear celulares sem autorização judicial.

Entre os alvos do monitoramento estavam ministros do STF, como Moraes e Luís Roberto Barroso, além de parlamentares de diversos partidos e profissionais da imprensa. Segundo a PF, o esquema operava sob comando direto de Ramagem, com o objetivo de favorecer politicamente Jair Bolsonaro.

Casos de grande repercussão também teriam sido espionados ilegalmente, como as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e a tentativa de homicídio contra o próprio Bolsonaro, durante a campanha eleitoral de 2018.

O Instituto Atitude não se manifestou sobre os recursos recebidos nem sobre a relação com os parlamentares envolvidos nas investigações.

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