Pensar Piauí

Villas Bôas. Porque o General caiu

Os bastidores da demissão – às carreiras – do ex-comandante Villas Bôas

Foto: Montagem pensarpiauíGeneral Villas Boas
General Villas Boas

Na terça-feira (21) o Diário Oficial da União publicou a exoneração do general Eduardo Villas Bôas do cargo de “assessor especial” do também general Augusto Heleno, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

A versão oficial data à notícia era de que o próprio Villas Boas pedira a exoneração para cuidar da saúde. Ele é portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA) - uma doença degenerativa incurável - desde 2016. 

Mas a Revista Piauí talvez tenha tido participação direta nas motivações da exoneração do militar.

Em  17 de junho, a Revista perguntou ao GSI se o general Villas Bôas continuava na folha de pagamento do órgão, recebendo um salário de 13.623,39 reais. A Piauí queria saber se o general cumpria a jornada de trabalho de 40 horas semanais prevista no contrato. Caso não comparecesse fisicamente ao GSI, a Piauí queria saber qual era o tipo de tarefa que o general cumpria. Na ocasião, o GSI não se manifestou.

Na segunda-feira, dia 20, a Piauí voltou a questionar o GSI pedindo uma resposta.

À noite, a assessoria de imprensa do órgão enviou um e-mail à revista, assinado pelo general Augusto Heleno. O e-mail é vago. Não diz se Villas Bôas efetivamente trabalhava no GSI nem esclarece se cumpria alguma tarefa.

Diz apenas o seguinte:

“O General Villas Bôas é Assessor do GSI.

General Heleno.”

No Diário Oficial de terça-feira não constava a exoneração de Villas Bôas. A informação só saiu na edição extra, que começou a circular no meio da tarde.

Villas Bôas foi empregado no GSI em janeiro de 2019. Dois meses depois, em março, ele foi aposentado – reformado, como se diz no jargão militar – pelo Exército por invalidez em decorrência da ELA. A portaria, do dia 21 de março, saiu assinada pelo general de brigada João Denison Maia Correia, hoje na reserva, e trazia uma curiosidade: era retroativa. Dizia que o general deveria ser considerado aposentado desde 2016. Só que, nesta época, Villas Bôas era comandante do Exército, posto que ocupou de 2015 até 2019.

Consultado pela Piauí, o Exército não explicou a razão da aposentadoria retroativa.

O general Villas Boas foi o protagonista de uma das ações mais comentadas do ano eleitoral de 2018. 

Em  3 de abril daquele ano, o STF se preparava para votar um habeas corpus que poderia livrar Lula da prisão. O general, então no cargo de comandante do Exército, disparou uma nota de 239 caracteres em sua conta pessoal no Twitter. Dizia o seguinte: “Asseguro à nação que o Exército brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões constitucionais.” No dia seguinte, depois de quase onze horas de discussão, os ministros rejeitaram o habeas corpus do petista por uma margem apertada: 6 votos a 5. Lula seria preso logo depois e estava definitivamente fora da eleição presidencial de 2018.

Com informações do DCM e da Revista Piauí 

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