Os Conselhos de Medicina são verdadeiros sindicatos bolsonaristas

Foto: Jornal A Ilha

Deputados a mando de Bolsonaro

 

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Os Conselhos de Medicina (Federal e regionais) são verdadeiros sindicatos bolsonaristas. Sempre diligentes em emitir nota de repúdio e a ocupar a mídia com declarações que dizem "respeitar" a categoria médica, agora, estão calados após Bolsonaro sugerir que hospitais sejam invadidos. Até às 19 horas de hoje, não havia no site do CFM e do CRM-PI nenhuma manifestação daquelas entidades quanto às declarações do presidente da República.  

O mesmo não se pode dizer da Sociedade Brasileira de Bioética, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde e da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares. Estas entidades assinaram  "Declaram Pública de Repúdio"  declarando seu mais "veemente repúdio às manifestações do Presidente Bolsonaro durante live dirigida à população, realizada no dia 12 de junho pela manhã".

Jair Bolsonaro incentivou a população a invadir hospitais em meio à pandemia do novo coronavírus durante live em suas redes sociais na quinta-feira (11). A iniciativa presidencial surge de uma teoria conspiratória segundo a qual as mortes por covid-19 estão super notificadas e os leitos de UTI estão vazios. 

A sugestão dada por Bolsonaro foi acatada por deputados capixabas. "Cinco deputados estaduais do Espírito Santo - Lorenzo Pazolini (Republicanos), Vandinho Leite (PSDB), Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (PSL) e Carlos Von (Avante) - invadiram o Hospital Dório Silva na sexta-feira (12), localizado no município de Serra. A imprensa capixaba divulgou nota da Secretaria de Estado da Saúde: “é inadmissível esse tipo de atitude, no momento em que o Espírito Santo, o país e o mundo enfrentam a mais grave crise de saúde em nossa geração. Mais grave é o fato de que essa atitude foi insuflada por uma declaração irresponsável do chefe da nação”."

Mas Bolsonaro havia se inspirado em deputados de São Paulo que no dia 04 de junho invadiram o Hospital de Campanha do Anhembi. "Um grupo formado por pelo menos quatro deputados estaduais gravou diversos vídeos dentro do Hospital de Campanha do Anhembi, em São Paulo, da quinta-feira (04), denunciando a suposta ausência de pacientes no local. Participaram do ato Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Coronel Telhada (Progressistas), Letícia Aguiar (PSL) e Sargente Neri (Avante)".

E os fatos vêem se sucedendo:  

A) Por conta das informações divergentes entre o governo do Estado do Mato Grosso e a Prefeitura de Cuiabá, deputados estaduais dicidiram verificar 'in loco' a situação das UTIs nos hospitais da Região Metropolitana na terça-feira (9) e se assustaram com a situação.

 B) Cinco pessoas invadiram o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência para o tratamento para a Covid-19 no Rio de Janeiro, na sexta-feira 12 e pôs a categoria de saúde em alerta. O tumulto, segundo os relatos dos profissionais que estavam no local no momento, foi provocado por pessoas de uma mesma família que acabara de saber do falecimento de um parente. Uma senhora, de 56 anos, que havia sido transferida há dois dias para aquela unidade. Revoltados com a notícia, dada no setor de informações no primeiro andar do prédio, invadiram às instalações e foram até o quinto andar, onde entraram na ala B, reservada aos pacientes da nova doença. Exaltados, chutaram portas, derrubaram computadores e tentaram invadir outras áreas restritas.

C) Identificado nas redes sociais como Tacio Rogério, este homem foi até o hospital, na noite da terça-feira (9/6), de onde gravou uma live. No vídeo, ele reclama da adaptação feita pela Secretaria de Saúde para encaminhamento de pacientes com coronavírus à unidade. “Agora é só COVID. Só COVID". Uma profissional de saúde, então, surge paramentada com equipamentos de proteção individual (EPI’s). E começa a discutir com o homem. Depois de algum tempo de discusão Tacio xinga a profissional. “Sua louca, doente”, disse. E continuou com agressões: “Vai se internar. Arruma um psiquiatra para essa mulher. Sua petista. Sai daqui, pão com mortadela. Prefiro ser Bolsonaro do que uma petista”, disse.