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"O saldo das religiões organizadas, para a humanidade, é negativo", Luis Felipe Miguel

Dalai Lama puxou o rosto de um menino para beijá-lo na boca durante um evento.

Foto: ReproduçãoDalai Lama
Dalai Lama

O Dalai Lama, líder espiritual dos tibetanos, publicou uma nota pedindo desculpas, nesta segunda-feira (10), por um vídeo em que puxa o rosto de um menino para beijá-lo na boca durante um evento. Ele também pediu que o garoto chupasse sua língua. O vídeo circulou nas redes sociais e gerou uma repercussão negativa.

Na nota, o ato foi chamado de "inocente e brincalhão". No vídeo compartilhado milhares de vezes, o líder de 87 anos aparece se aproximando da boca da criança, e depois, com a língua para fora. A plateia ri e bate palmas após o ato.


No comunicado, Dalai Lama confirmou que os fatos registrados são reais, mas disse que o menino teria pedido um abraço. "Está circulando um videoclipe que mostra uma reunião recente em que um menino perguntou a sua Santidade o Dalai Lama se ele poderia lhe dar um abraço. Sua Santidade deseja se desculpar com o menino e sua família, bem como com seus muitos amigos em todo o mundo, pela dor que suas palavras podem ter causado."

Sobre o assunto, o professor Luís Felipe Miguel publicou um artigo nas suas redes sociais. 

Confira: 

Por Luís Felipe Miguel, professor, no Facebook

Achei revoltante, como (quase) todo mundo, a cena do Dalai Lama assediando uma criança. E igualmente revoltante o pedido de desculpas lançado depois que o escândalo eclodiu, hipócrita e evasivo, que reduz o episódio a uma "brincadeira inocente".

Achei revoltante, mas não posso dizer que fiquei decepcionado. Não tenho nenhuma simpatia por gurus, por maior que seja o marketing em torno deles.
Na condição de alguém que nunca teve fé religiosa, tento ser cuidadoso ao falar das crenças alheias. Mas dá para dizer, com razoável segurança, que, embora de quase toda religião se possa extrair algum ensinamento bonito e alguma história edificante, o saldo das religiões organizadas, para a humanidade, é extremamente negativo.

Sobretudo quando elas adquirem poder e influência.
Os jornalistas franceses Élodie Emery e Wandrille Lanos documentaram, há alguns anos, os casos de violência sexual e corrupção na religião budista tibetana, com a permanente omissão e cumplicidade de Sua Santidade, o Dalai Lama.

Quando visitei a Tailândia, fique surpreso ao ver os privilégios de que desfrutavam os monges budistas - incluindo assentos reservados e prioridades nas filas, em pé de igualdade com idosos, gestantes ou pessoas com deficiência.

Foto: ReproduçãoPrioridades
Prioridades

Depois li sobre a fortunas que alguns deles amealhavam, sobre a vida de luxo e ostentação sustentada pelos fiéis, digna do Apóstolo Hernandes e da Bispa Sônia.

Abusos, desvios, dirão alguns. Sim. Mas quando as exceções são tão frequentes, parece que fazem parte da regra.

(E, enquanto isso, Carla Zambelli ocupa as redes sociais para tentar provar que "o Dalai Lama é marxista".)

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