Política

O coronavírus, o abandono e a fome no Brasil

Bolsonaro não perde a oportunidade de afirmar que a COVID-19 é uma histeria

  • segunda-feira, 23 de março de 2020

Foto: Brasil 247Um reles bajulador
Um reles bajulador

Sempre que se pronuncia ou concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro – “um reles bajulador” da Casa Branca, sede do governo dos EUA, segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – reitera que a COVID-19 é uma histeria. Foi assim, mais uma vez, neste domingo (22-3). Ele insiste na tese absurda de que o problema é fruto do alarmismo da imprensa, mantendo com isso a narrativa de minimizar a gravidade da situação pandêmica. Dia após dia, ele repete esse macabro ritual, equanto a doença se alastra.

Não é preciso ser um especialista em psicologia ou psiquiatria para perceber que se trata de alguém sem o pleno gozo de suas faculdades mentais. Senão, vejamos: antes de viajar aos EUA, o presidente convocou manifestações públicas, nas ruas, avenidas e praças do País, cuja palavra de ordem era fechar o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a longuíssima viagem à nação norte-americana, além de se encontrar com o próprio ídolo, o presidente Donald Trump, Bolsonaro fez basicamente turismo.

Acompanhado de uma comitiva gigantesca, se expôs ao coronavírus e levou à infecção comprovada pelo menos 23 pessoas, entre ministros, parlamentares, empresários e servidores públicos, numa viagem praticamente inútil, que em nada favoreceu aos verdadeiros interesses do Brasil. Ao chegar, fez um pronunciamento em cadeia nacional, reforçando seu apoio aos tais atos, que pediam, entre outras coisas, uma intervenção militar e a volta do Ato Institucional Nº 05, o AI-5. Mas, desta vez, pediu para “repensar” os atos.

Ditadura bolsonarista

Mesmo sob suspeita de ter contraído, nos EUA, a COVID-19 – ainda não havia feito a contraprova do primeiro exame –, no dia 15 de março, Bolsonaro foi pra galera, em frente ao Palácio do Planalto, apertando mãos, abraçando seus apoiadores, tirando selfies, que clamavam por uma ditadura bolsonarista. Poderia ter espalhado o coronavírus ou contraído a moléstia com tal atitude, desmoralizando o próprio ministro da Saúde, que dias antes havia feito um apelo para que a população evitasse aglomerações e buscasse o isolamento social.

Ao participar da manifestação, teria cometido crime contra a saúde pública, conforme observou um advogado que protocolou, no Supremo Tribunal Federal (STF), notícia-crime contra o presidente da República, por supostamente ter infringido os artigos 268 e 330 do Código Penal Brasileiro. De lá para cá, ele oscila entre movimentos e recuos sucessivos, de um lado respaldando as medidas de sua equipe, de outro fazendo piada, ora se referindo a doença como “gripezinha”, ora criticando os governadores estaduais.

Seu governo fez o País ser pego de calças curtas porque a pandemia atingiu o território nacional no lapso de tempo em que o Sistema Único de Saúde (SUS) é organicamente atacado, depois de ter desativado, na prática, o programa Mais Médicos, que expulsou cerca de oito mil profissionais cubanos que atendiam o povão. Bolsonaro fragilizou a saúde pública e abandonou os trabalhadores, aprofundando-lhes a retirada dos direitos, lançando-os na informalidade, e agora, desprotegidos, estão sujeitos, além do coronavírus, a passar fome.

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