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Júlio Lancellotti: "com uma mão a gente dá o pão e com a outra a gente luta"

“Essa crise humanitária se acentua pela impossibilidade do acesso à alimentação, em quantidade e em qualidade", afirma o católico

Foto: G1Júlio Lancellotti
Júlio Lancellotti

 

Brasil de Fato - O agravamento da crise sanitária, social e econômica neste ano de 2021, além do total de 14,8 milhões de pessoas à procura de emprego, segundo o IBGE, colocam necessidades elementares como comida, água e gás cada vez mais distante para parte da população. 

Assim, ações de solidariedade ocuparam o espaço da falta de políticas eficazes para a garantia de direitos de brasileiras e brasileiros. Uma das lideranças no apoio a quem mais necessita neste momento, em São Paulo e em todo país, é o Padre Júlio Lancelloti, um dos responsáveis pela arrecadação de alimentos e pela distribuição, todas as manhãs, a trabalhadores desempregados no centro da capital paulista.

Nesta edição do programa Bem Viver, produzido pelo Brasil de Fato, o religioso e referência na luta pelos direitos da população em situação de rua fala sobre a importância da solidariedade no combate à fome e o que é preciso para vencê-la. Segundo ele, o aumento da miséria no país salta aos olhos.

“Essa crise humanitária se acentua pela impossibilidade do acesso à alimentação, em quantidade e em qualidade. Hoje, o número de pessoas que estão pelas ruas é cada vez maior, o desemprego é muito grande, e muitas pessoas que ainda mantêm seus espaços para dormir têm que escolher: ou morar, ou comer”, relata.

Lancellotti é uma referência para milhares de desempregados e desalentados, que dependem de doações de alimentos, utensílios domésticos e roupas de inverno, por exemplo.

“As pessoas passaram a buscar, constantemente, gás para cozinhar. É um indicador de crise humanitária, ter que voltar a fazer comida com etanol. E nem isso as pessoas estão conseguindo, porque o litro do álcool está com preço muito elevado. Então, tem que cozinhar com madeira, inclusive com lenha não adequada para o fogo de cozimento”, descreve.

O aumento do preço do gás de cozinha está relacionado à política de atrelamento dos preços dos derivados do petróleo ao mercado internacional, adotada nas gestões Temer e Bolsonaro.

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