Piauí tem quatro municípios com maior aumento de desmatamento na caatinga
Segundo o MapBiomas, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (região do Matopiba) responderam por 75% do desmatamento no Cerrado

O desmatamento caiu em todos os biomas brasileiros em 2024, segundo o relatório anual divulgado nesta quarta-feira (15) pela rede MapBiomas. A redução total foi de 32,4% em relação ao ano anterior, marcando o segundo ano consecutivo de queda na supressão da vegetação nativa no país. Apesar do avanço, os números ainda revelam uma realidade preocupante: o Cerrado liderou o ranking com 652 mil hectares desmatados, seguido pela Amazônia Legal, que perdeu 377,7 mil hectares.
Entre 2019 e 2024, o Brasil perdeu quase 9,9 milhões de hectares de vegetação nativa — 67% apenas na Amazônia. Mesmo com a desaceleração, o ritmo da destruição ainda impõe desafios significativos para as metas ambientais do país, como o compromisso de desmatamento zero até 2030.
Matopiba e Pará concentram 65% do desmatamento nacional
Os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — região conhecida como Matopiba — concentraram 75% do desmate no Cerrado e 42% da área desmatada em todo o país em 2024. Junto com o Pará, esses estados responderam por 65% de todo o desmatamento registrado no ano.
Mesmo com uma queda de 34,3% em relação a 2023, o Maranhão liderou o ranking estadual de desmatamento, com mais de 218 mil hectares destruídos.
Caatinga acende alerta com megadesmate no Piauí
A Caatinga, historicamente menos afetada pelo desmate, registrou um dado alarmante: uma única propriedade rural no Piauí desmatou 13.628 hectares em apenas três meses — o maior alerta individual já registrado pelo MapBiomas em seis anos de monitoramento.
Quatro dos municípios com maior aumento no desmatamento em 2024 estão no estado:
Canto do Buriti
Jerumenha
Currais
Sebastião Leal
Biomas menos impactados
A Mata Atlântica e o Pantanal representaram 3% do desmatamento nacional, com perdas de 13.472 hectares e 23.295 hectares, respectivamente. O Pampa foi o bioma com menor área desmatada no país: 896 hectares, ou apenas 0,1% do total.
Amazônia: queda no desmate, mas aumento na degradação
Apesar da redução de 54% no desmatamento da Amazônia entre 2022 e 2024, o bioma segue sob forte pressão. Um estudo conjunto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da USP apontou um aumento de 163% na degradação florestal no período, impulsionado por incêndios durante a estação seca. Em 2024, 25 mil km² de floresta amazônica foram degradados — área superior ao estado de Sergipe.
O estado do Acre, em contramão da tendência nacional, teve aumento de 30% no desmatamento em relação à sua média histórica. Ainda assim, o total desmatado na Amazônia Legal em 2024 foi o menor desde 2019.
COP30 sob os holofotes
O Pará, estado que sediará a COP30 em 2025, continua como líder no acumulado de desmatamento desde 2019: foram cerca de 2 milhões de hectares devastados em cinco anos.
Desmatamento zero ainda é um desafio
A meta do governo federal de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 enfrenta desafios complexos. A redução do desmate é positiva, mas especialistas alertam que ela precisa vir acompanhada de ações contra a degradação florestal, o avanço da fronteira agrícola e o uso do fogo como ferramenta de manejo.
“Estamos no caminho certo, mas longe do fim do problema”, conclui Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
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