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Covid: Pediatra piauiense fala sobre a importância da vacinação infantil

A estimativa do Ministério da Saúde é vacinar 331.432 crianças contra a Covid no Piauí

Foto: DivulgaçãoDra. Mariza Cerqueira
Dra. Mariza Cerqueira

A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a covid-19 teve início neste mês de janeiro no Brasil. A primeira fase contemplou crianças dessa faixa etária com comorbidades, deficiência permanente ou sob a tutela do Estado, e crianças sem comorbidades com 11 anos completos.

A imunização foi aprovada pela Anvisa e, no mundo, pelas principais agências reguladoras de medicamentos e vacinas após rigorosos estudos clínicos, com milhares de voluntários, e com o objetivo de garantir a segurança e eficácia. 

No Piauí, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) iniciou no dia 15 de janeiro a entrega das doses pediátricas, que possibilitou o início da imunização das crianças piauienses. A primeira cidade a vacinar o público infantil foi Piripiri.

A primeira criança vacinada na cidade foi o indígena da Tribo Tabajaras, Marcos Vinicius da Silva, de sete anos. A estimativa do Ministério da Saúde é vacinar 331.432 crianças nesta faixa etária no Piauí. As vacinas utilizadas para esse público são da Pfizer e Coronavac.

O pensarpiauí conversou com a pediatra teresinense Mariza Fortes de Cerqueira Pereira da Silva, médica há 38 anos, e uma incentivadora da vacinação há 23 anos através de sua clínica pediátrica.

A médica falou sobre a importância da vacinação e sobre o parecer das entidades de saúde sobre a segurança e os impactos positivos dos imunizantes também no público infantil. “Com relação à vacinação de crianças existe um documento em que a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunologia e a Sociedade Brasileira de Infectologia se manifestam favoráveis à autorização por entenderem que os benefícios da vacinação na população de crianças de 5 a 11 anos, no contexto atual da pandemia, superam os eventuais riscos associados à vacinação”.

“De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde em seus boletins epidemiológicos a carga da doença na população brasileira de crianças é revelante, incluindo, até o momento, milhares de hospitalizações e centenas de mortes por covid no grupo etário em que estão, além de outras já demonstradas consequências de infecção com a covid-19 longa e a síndrome inflamatória multisistêmica pediátrica, todas elas de potencial gravidade nesse mesmo grupo etário”, destaca pediatra.

“Existem publicações com relação à imunogenicidade da vacina e os trabalhos mostram o seguinte: essa vacina apresenta uma resposta de anticorpos neutralizantes em concentrações similares às observadas já em adultos e em adolescentes, preenchendo os critérios propostos de demonstração de não inferioridade. Então, diante do exposto, as entidades entendem que após aprovação da agência reguladora e o uso na população de 5 a 11 anos deva existir um monitoramento com relação aos efeitos, mas no presente momento ela traz benefícios a essa população”, ressaltou Mariza.

Foto: ReproduçãoDra. Mariza Cerqueira
Dra. Mariza Cerqueira

Um dos principais motivos para enfim iniciar a vacinação de crianças no Brasil é impedir casos graves e mortes nesse público e novas ondas de transmissões, sobretudo pelo surgimento de variantes, descrevem a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-Covid) em nota emitida pela Secovid e assinada por mais de 11 entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações e Sociedade Brasileira de Infectologia, além de institutos de pesquisa como o Butantan. 

As entidades destacaram que vacinar crianças ajuda na imunização indireta. “A imunização é indispensável para reduzir a transmissão, em particular por enfrentarmos uma doença com ciclos inesperados e o surgimento de novas variantes. Vemos agora novas ondas na Europa e nos Estados Unidos, atingindo, proporcionalmente, muito mais crianças e adolescentes do que há dois anos. Faz-se necessária a urgente aquisição das doses pediátricas pelo Ministério da Saúde”, disse a AMB. 

“A chegada de uma nova variante como a ômicron, com maior transmissibilidade, faz das crianças (ainda não vacinadas) um grupo com maior risco de infecção, conforme vem sendo observado em outros países onde houve transmissão comunitária desta variante. Neste contexto epidemiológico, torna-se oportuno e urgente ampliarmos o benefício da vacinação a este grupo etário”, destacou a nota do CTAI-Covid.

Dados do Ministério da Saúde mostram que 1.544 crianças de 0 a 11 anos morreram por covid-19 desde o início da pandemia, sendo 324 na faixa de 5 a 11 anos. Esse número, apesar de baixo em relação ao número de mortes total no país, representa a morte de 1 criança a cada 1 dia por causa do vírus.

Fake News

Ainda que médicos e especialistas reforcem a importância da vacinação de todos os indivíduos contra a covid-19, uma avalanche de fake news tem trazido insegurança para pais e familiares que decidem vacinar seus filhos.

Aprovadas e consideradas seguras pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), as vacinas infantis contra a covid-19 enfrentam resistências, e boa parte se deve à propagação de notícias falsas que geram temor entre os pais. Dados manipulados, falsos ou sensacionalistas têm circulado com frequência na internet, sobretudo após a decisão da Anvisa de liberar a vacinação da Coronavac para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

Ainda que a vacinação conte com apoio maciço dos brasileiros- 79% são a favor da vacinação de crianças de 5 a 11 anos, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada na primeira quinzena de janeiro- estima-se que no Estado de São Paulo, por exemplo, ao menos 16% dos responsáveis por crianças nesta faixa etária não tenham a intenção de vaciná-las.

Entre as maiores preocupações dos pais, a segurança da vacina encabeça a lista. Os raros casos de miocardite, doença responsável por uma inflamação no miocárdio, que acometeram crianças após a aplicação da vacina, estão sendo usados para criação de notícias sensacionalistas, e também falsas, acerca da vacinação. Manchetes como “A vacina vai causar miocardite no seu filho” diminuem a confiança no imunizante, não somente prejudicando a campanha de vacinação, como também desprezando os estudos que comprovam a sua segurança e eficácia.

De acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), entre as 7 milhões de doses aplicadas em crianças de 5 a 11 anos no país, apenas 11 casos de miocardite foram identificados. Desses 11 casos, a maioria dos pacientes respondeu bem ao tratamento com medicamentos, tendo sido tratados em casa, apresentando melhora rapidamente.

A vacinação infantil já é uma realidade em mais de 30 países. 

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