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Braga Tepi: a transformação do ferro em arte e o reconhecimento internacional

Sua obra de arte mais marcante é a escultura “Anjo Torto”, localizada no Parque da Cidadania, em Teresina

Foto: Arquivo pessoalBraga Tepi
Braga Tepi e sua escultura "Anjo Torto"

Nascido em Buritizinho, zona rural de Teresina, o artesão Francisco de Oliveira Braga, mais conhecido como Braga Tepi, tem um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Há vinte anos, ele trabalha com esculturas, monumentos, troféus e tudo que possa fazer o ferro ganhar forma e movimento.

Tepi é um dos maiores nomes artísticos do Piauí, levando suas obras para além das fronteiras do estado e do país, participando de exposições na Alemanha e Nova York. Nos últimos anos, o artista foi quem assinou os troféus do Festival de Quadrilhas da Cidade Junina, evento que reúne milhares de quadrilheiros durante a tradição das festividades de São João. (Veja a galeria de fotos no final da matéria)

Foto: Arquivo pessoalEscultura de Braga Tepi
Escultura de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalObra de arte de Braga Tepi
Obra de arte de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalEscultura de Braga Tepi
Escultura de Braga Tepi

O artista disse que tudo teve início na infância, quando começou a fazer seus primeiros traços e aulas de educação artística; depois, aos 14 anos, fez um curso profissionalizante para torneiro mecânico e coleciona no currículo exposições como “Molibdênio” (2010), realizada no Shopping Cassino Atlântico e “Alma Vazada” (2012), que aconteceu na Galeria Hrocha, ambas no Rio de Janeiro. Além de ter participado de exposições fora do Brasil, como na Alemanha (2004) e Nova York (2007). O artista também já foi homenageado pelo 18º Salão de Artes Plásticas de Teresina (2011) e ganhou diversos prêmios locais. 

Sua obra de arte mais marcante é a escultura “Anjo Torto”, localizada no Parque da Cidadania, em Teresina. Braga diz que essa é a escultura que mais teve orgulho de fazer, ela presta homenagem ao poeta piauiense Torquato Neto.

Foto: Arquivo pessoalAnjo torto
Anjo torto

O pensarpiauí  fez uma entrevista exclusiva com o artista piauiense. Confira na íntegra:

pensarpiauí- Quando tudo começou e qual sua inspiração para fazer as esculturas?

Braga Tepi- Tudo começou a partir da infância, quando eu comecei a fazer os primeiros traços, daí veio as aulas de educação artística e eu tive o interesse pelo desenho e, com o tempo, na adolescência, eu passei a colecionar histórias em quadrinhos, passei a desenhar para fanzines e me dediquei no processo de ilustração para fanzine e revistas.

A escultura, ela surgiu a partir do momento que eu fiz um curso de tornearia mecânica pelo Senai, lá por volta dos meus 14 anos, e comecei a trabalhar em oficinas mecânicas. A partir das oficinas, eu passei a juntar o material que sobrava e comecei fazer pequenas esculturas para decoração.

Participei de um salão de artes plásticas de Teresina onde ganhei em primeiro lugar, me senti incentivado para continuar a trabalhar nas esculturas. Foi quando passei a colher o material das oficinas e sucatas e comecei a construir esculturas até participar de duas exposições individuais no Rio de janeiro a convite da galeria Hrocha. Essas duas exposições abriram a oportunidade para participar de outras em São Paulo e Belo Horizonte, através do SESI e do Senai, até eu participar da Bienal sobre esculturas.

Todas essas exposições duraram um período de 6 anos. Depois que eu terminei toda essa trajetória, resolvi construir um ateliê em Teresina e passei a viver da minha produção.

pensarpiauí- Quantas esculturas você tem em espaços públicos atualmente e quais são?

Braga Tepi- Minha primeira escultura monumental em área pública foi feita para Brasília, em homenagem ao 100 anos de Luiz Gonzaga, que está em uma escola técnica de música naquele local. Depois, eu construí um monumento para Bacabal, no Maranhão, e em Teresina foram o Anjo Torto no Parque da Cidadania, O Pescador de H. Dobal na Ponte estaiada, a Dama Thêmis no Tribunal de Justiça do Piauí, também foi feita uma peça em homenagem ao Visconde da Parnaíba para Oeiras. Sigo com outros projetos em andamento na capital. 

pensarpiauí- Qual obra de arte sua você tem mais orgulho e qual a história dela?

Braga Tepi- O meu trabalho hoje no laboratório de produção do ateliê é dividido em três linhas de escultura: existe uma linha que eu faço por encomenda, quase tudo aquilo ou aquele formato que as pessoas pedem, que não tem um tema como referência como fazer um santo, fazer um cavalo, fazer uma escultura de uma pessoa. Minha outra linha de trabalho eu tiro do imaginário, que não tem nenhuma referência com política, religião ou cultura popular.

A outra linha de trabalho que faço é lúdica, onde uso a figura humana como eixo central, e o Anjo Torto que está no Parque da Cidadania é uma escultura das que eu mais me orgulho de ter construído. Uma homenagem feita ao Torquato Neto. Ela faz faz uma conexão entre o meu mundo imaginário e o poema dele, pois trata-se de um anjo Nephilin, retirado de um projeto ilustrado em bico de pena que tem  como título A Bathuzia. O meu anjo tem 8 metros de envergadura de asas, numa referência ao anjo de Torquato Neto que na poesia tem asas de avião.

pensarpiauí- O que o Piauí significa para você?

Braga Tepi- Viajei por diversos lugares no Brasil e fui convidado muitas vezes para morar no Rio de Janeiro na época que fiz diversas exposições por lá, mas meu local sempre é Teresina, onde está minha família, onde está o meu povo, onde é o lugar que sinto inspiração e sinto toda a vontade de poder construir e criar. Talvez isso possa ser uma questão de viver de tribo, então o Piauí é muito importante para mim e também para muitos artistas que aqui vivem, pois nós temos a nossa comunidade e temos que valorizar pois é na arte onde nós encontramos o veículo primordial para deixarmos para muitas gerações o registro de nossa cultura e nosso povo. 

pensarpiauí- Como é pra você ser reconhecido nacional e internacionalmente? 

Braga Tepi- Estou completando 20 anos de esculturas e fico bastante grato e feliz até onde eu pude chegar e ainda estou com muita força para ir mais longe. É uma graça ter chegado a esses 20 anos e, com essas novas ferramentas de hoje que ajudam os artistas como as plataformas digitais, a gente tem agora todo um engajamento e fica mais fácil poder levar o trabalho internacionalmente para grandes galerias e grandes colecionadores, tendo um reconhecimento mais amplo. Já mandei meus trabalhos para muitos lugares, agradeço as galerias, os colecionadores e as pessoas que admiram.

pensarpiauí- Tem novos projetos em andamento? Quais são?

Braga Tepi- Sim, estou com agenda cheia de projetos para esse pós-pandemia. Tenho uma exposição  individual em 2022, onde será lançado um livro sobre toda essa trajetória. Será um livro ilustrado e uma exposição individual aqui em Teresina, pois apesar de eu ter feito diversas exposições fora, eu ainda não fiz uma exposição individual aqui na capital, e será para mim uma grande honra. Já estou trabalhando para isso e na agenda também tem diversos monumentos em pauta, que ainda estão em andamento.

Galeria de fotos 

Foto: Arquivo pessoalExposição
Exposição

Foto: Arquivo pessoalEscultura de Braga Tepi
Escultura de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalEsculturas de Braga Tepi
Esculturas de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalEscultura de Braga Tepi
Escultura de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalEscultura de Braga Tepi
Escultura de Braga Tepi

Foto: Arquivo pessoalExposição
Exposição

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