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A política como herança no Piauí: os diferentes que são iguais

A política como herança no Piauí: os diferentes que são iguais

A imprensa piauiense destacou nesta semana, a declaração dada pelo prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), de que não apoiará o sobrinho, seu herdeiro político de 2014 eleito deputado estadual e que leva seu mesmo nome, Firmino Paulo (ex-PSDB e hoje PP). A prioridade do prefeito para 2018 será a eleição da esposa, a primeira-dama Lucy Silveira, filiada ao PP, e que também será candidata a deputada estadual.
A política como herança no Piauí não é nenhuma novidade. É histórica. Vamos elencar alguns nomes:
O deputado federal Hugo Napoleão é neto de Hugo Napoleão do Rego, eleito deputado estadual à Assembleia Legislativa do Piauí pela primeira vez em 1922 e deputado federal por cinco vezes. Hugo Napoleão do Rego Neto foi eleito duas vezes senador, três vezes deputado federal, três vezes ministro de estado e por dois mandatos alternados foi governador do referido estado.
Freitas Neto é filho de Odilon Freitas, que foi deputado estadual em 1962 e 1966. Começou sua carreira como deputado estadual, foi governador do Piauí (1991-1994) e Ministro Extraordinário da Reforma Institucional. É primo de Hugo Napoleão e do deputado federal Átila Lira, este último na política desde 1986. E é primo de Robert Freitas, que foi eleito deputado estadual em 1986, 1990, 1994 e 1998 e prefeito do município de José de Freitas em 2004.
Themístocles Filho, atual presidente da Assembleia Legislativa, e o irmão Marllos Sampaio, ex-deputado federal, herdaram a política do pai, Themístocles Sampaio Pereira, cujo ingresso na política se deu no PSD sendo eleito em 1948 em Esperantina: foi vereador, deputado estadual (1962), suplente de deputado estadual pelo MDB (1974 e 1982), deputado federal em 1998. Themístocles Filho, por sua vez, já exerce o sétimo mandato de deputado estadual pelo Piauí. Elegeu-se presidente da Assembleia Legislativa em 2005 e foi reconduzido ao cargo por seis vezes desde então, um recorde desde o fim do Estado Novo em 1945, de acordo com a Wikipédia. O irmão, Marllos Sampaio, foi vice-prefeito de Esperantina (2000) e eleito deputado federal em 2010. É delegado concursado da Polícia Civil.
O senador Ciro Nogueira iniciou sua vida pública como herdeiro de uma família com larga tradição política no Piauí: seu avô paterno, Manuel Nogueira Lima, foi prefeito de Pedro II nomeado logo após a Revolução de 1930 e seu pai, Ciro Nogueira Lima, foi eleito deputado federal por duas legislaturas (1982/1990), além de outros familiares que ingressaram na política. Sucedeu ao pai como deputado federal sendo eleito pela primeira vez em 1994, com 26 anos. Atualmente é senador e presidente nacional do PP. E esposo da deputada federal Iracema Portela, que por sua vez é filha do ex-governador e ex-senador pelo estado do Piauí, Lucídio Portela e da ex-deputada constituinte Myriam Nogueira Portela Nunes. Pelo lado paterno é sobrinha de Eloi Portela Nunes Sobrinho e de Petrônio Portella, este último era tido como o sucessor de João Figueiredo na Presidência da República, mas morreu antes da abertura política. E de Flávio Portela Marcílio. Foi eleita deputada federal pelo Partido Progressista pelo estado do Piauí nas eleições 2010.
O ex-deputado Kléber Eulálio, descendente de uma família de políticos, exerceu oito mandatos de deputado estadual. Foi presidente da Assembléia Legislativa do Piauí por quatro vezes: entre 1989 e 1991 e a seguir entre 1999 e 2005. Em sua primeira gestão presidiu a Assembleia Estadual Constituinte que promulgou a Constituição do estado do Piauí. Foi governador interino do Piauí em 2001 e eleito prefeito de Picos em 2012, agora está no Tribunal de Contas do Estado e elegeu o filho Severo Eulálio a deputado estadual. Seu tio Oscar Eulálio foi deputado estadual em três mandatos consecutivos (1970, 1974 e 1978) e seu irmão, Severo Eulálio Filho, foi eleito segundo suplente do senador Mão Santa pelo PMDB em 2002.
O ex-governador Wilson Martins é sobrinho-neto do político Eurípedes Clementino de Aguiar, gov ernador do Piauí (1916-1920). E também tetraneto de Manoel de Sousa Martins, o visconde da Parnaíba. Filiado ao PSDB por mais de uma década, foi eleito deputado estadual em 1994, 1998 e 2002, legenda a qual deixaria para ingressar no PSB do qual é presidente do diretório regional no estado. Foi governador do Piauí entre 2010 e 2014, sucedendo a Wellington Dias. Em 2000 e 2004 seu irmão, Rubem Nunes Martins, foi eleito prefeito de Wall Ferraz (quando ainda era filiado ao PSDB) e atualmente é deputado estadual. A esposa, Lilian Martins, foi eleita em 2006 e 2010 deputada estadual do Piauí pelo PSB. Em 2012 foi indicada e eleita pela Assembleia Legislativa do Piauí ao cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Piauí.O sobrinho, Rodrigo Martins, foi eleito vereador de Teresina pelo PSB em 2008 e 2012, e depois foi eleito deputado federal em 2014.
Seu vice, Zé Filho foi governador de 2011 a 2014. É filho do ex-deputado Moraes Souza e sobrinho do ex-senador Mão Santa. Iniciou sua carreira política em Parnaíba filiado ao PFL elegendo-se vereador em 1992 e prefeito do município em 1996.Eleito deputado estadual em 2002, migrou para o PMDB, sendo reeleito em 2006. É ex-marido de Juliana Moraes Souza, eleita deputada estadual em 2014.
A atual vice-governadora Margarete Coelho é esposa do ex-deputado Marcelo Coelho, eleito deputado estadual pelo Piauí por quatro vezes, exercendo dois outros mandatos como suplente. Ele é sobrinho de Lucídio Portela, governador do estado do Piauí de 1979 a 1983; e este, por sua vez, era o irmão mais velho do falecido Petrônio Portela Nunes, político por mais de 30 anos (deputado estadual, prefeito, governador e ministro). Margarete Coelho foi eleita deputada estadual pelo PP em 2010 e em 2014 foi eleita vice-governadora do Piauí.
Wilson Brandão, natural de Pedro II, exerce hoje o sétimo mandato de deputado estadual pelo Piauí. O avô materno, Gonçalo Teixeira Nunes, foi deputado estadual constituinte eleito em 1934. E o pai exerceu seis mandatos consecutivos de deputado estadual, cabendo a ele sucedê-lo no legislativo piauiense. Em Piriripi, a história não foi diferente. Luís Menezes, que exerce atualmente exerce o quinto mandato como prefeito, já ingressou o filho Marden Menezes na política, que está no terceiro mandato como deputado estadual. O deputado estadual Júlio Arcoverde, presidente estadual do PP, é filho do Dr. Dirceu Arcoverde, eleito governador do Piauí em 1974, após indicação do presidente Ernesto Geisel. Em 1978 foi eleito senador tendo falecido pouco menos de dois meses após iniciar seu mandato.
Luciano Nunes Filho é filho de Luciano Nunes Santos, ambos são herança política do avô Alcides Martins Nunes, eleito deputado estadual pelo Piauí em 1947, 1950 e 1954. O pai exerceu três mandatos de deputado estadual pelo Piauí. Renunciou ao mandato a fim de assumir uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. O filho foi eleito deputado estadual pelo PSDB em 2002, 2006, 2010 e 2014 e agora deve concorrer ao cargo de governador.
Já falecidos, Xavier Neto e Ubiracy Carvalho tiveram seus sucessores: Fábio Xavier e Ziza Carvalho, respectivamente. O vereador Dudu (PT) traz a herança política da deputada Francisca Trindade e é vereador desde 2012. Gustavo Medeiros herdou do pai, Bona Medeiros, falecido em 2017, o viés político. O pai foi deputado estadual por sete mandatos, prefeito de Teresina, vice-governador e governador do Piauí. Gustavo Medeiros, por sua vez, foi eleito deputado estadual em 1998 e 2002 e prefeito de União em 2004 e 2012.
Novas heranças começam a se configurar na política piauiense. O deputado Warton Santos (MDB), que exerceu sete mandatos de deputado estadual pelo Piauí, deixa o legado para o filho Pablo Santos (MDB), eleito deputado estadual em 2014. B. Sá (PP) f oi prefeito de Oeiras - sua cidade natal - por duas vezes e deputado federal pelo Piauí por quatro mandatos consecutivos . O filho Lukano Sá (PP) foi eleito prefeito de Oeiras em 2012 e deu sucessão ao primo Zé Raimundo, atual prefeito. O filho mais novo, Bessah Araujo (PP), foi eleito suplente de deputado estadual, assumiu em 2017 e será candidato à reeleição nas eleições de 2018. O deputado federal Júlio César (PSD), que foi prefeito de Guadalupe em 1988 e hoje exerce o quinto mandato de deputado federal pelo estado do Piauí, apresentou à sociedade no último pleito o filho Georgiano Neto (PSD) e obteve êxito elegendo-o a deputado estadual.
Nem mesmo o Partido dos Trabalhadores conseguiu escapar dessa sucessão de parentes que se verifica na política piauiense. O ex-prefeito de Campo Maior, Paulo Martins (PT), já elegeu o irmão Aloísio Martins (PT) suplente de deputado estadual. Rejane Dias (PT), esposa do governador Wellington Dias, foi a deputada federal mais votada do estado na ultima eleição e já exerceu o cargo de deputada estadual. Flora Isabel (PT) já tem o filho Venâncio eleito vereador, só que filiado ao PP. E até o Dr Pessoa (PSD), que dizia "ser diferente", deve anunciar em breve a candidatura do filho João de Deus Pessoa, o Pessoinha, a deputado estadual, que já confirmou candidatura e quer o apoio do pai.

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