Pensar Piauí
Economista

Acilino Madeira

Economista

Embargos comerciais, política externa, antiambientalismo, fuga de capitais externos, provocam pânico em mercados e bancos

Foto: PensarPiauíE o Brasil fica como ?

 

Verdade inconteste é que a sonhada plataforma verde deverá impulsionar as trocas econômicas nas próximas décadas. A ideia hegemônica, aos moldes do industrialismo dos séculos XIX e XX, de extrair, transformar e descartar já se exauriu enquanto paradigma e o planeta já se fartou de tanto acúmulo de lixo. A reciclagem deste lixo, principalmente plástico, pode contribuir para que boa parte dos insumos industriais não tenha mais que ser formados somente por materiais (matéria prima) extraídos pela pilhagem da biodiversidade em escala global.

Por pilhagem da biodiversidade entenda o agrobusiness irresponsável e predatório, a grilagem de terras indígenas, a extração de metais pela mineração desregulamentada (garimpos ilegais e criminosos). Não bastasse o desflorestamento, a Amazônia legal está ardendo em chamas, bem como o Pantanal e uma parte considerável do cerrado brasileiro atualmente.

No governo Bolsonaro tal pilhagem e biopirataria da natureza tem alcançado um nível alarmante. Com isso, o Brasil tem sido considerado um país irresponsável, descompromissado com as políticas que respeitam as questões climáticas e ambientais, no geral.

Tal comportamento tem implicações seríssimas, provocando externalidades negativas e aumento dos custos de transação na plataforma de comércio exterior, produzindo falta de credibilidade do país e de suas organizações empresariais, principalmente das que ofertam commodities no mercado externo.

Já é uma realidade que embargos comerciais e criação de barreiras diversas prejudicam a comercialização de proteínas animais (brasileiras), cujo gado bovino rastreado por satélites é criado em pasto formado em terras griladas e na maioria das vezes invadidas de povos indígenas, sendo desmatadas e incendiadas criminosamente.

Não é à toa que os parlamentos de diversos países europeus, tais como: França, Alemanha, Noruega e outros, se posicionaram contrários ao que vem ocorrendo no Brasil e as consequências nefastas para nós brasileiros, vem sob forma de desinvestimento e corte de novos investimentos pelos fundos financeiros bilionários (em euros, diga-se de passagem). Ressalte-se também que o tão sonhado acordo União Europeia x Mercosul, firmado logo no início do governo Bolsonaro, não vingou até agora e nem vingará. Los hermanos argentinos já caíram fora, enquanto membros importantes do Mercosul.

Os embargos comerciais, as dificuldades que sentirá o Brasil pela inconsequente política externa empreendida pelo chanceler Ernesto Araújo, a política antiambientalista do ministro do Meio Ambiente e, por fim, a desastrosa relação que o país insiste em manter com a China e também a fuga de capitais externos estão provocando pânico nos mercados financeiro e de capitais em terra brasilis.

Como fiel exemplo ilustrativo, a Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN – fez um levantamento apontando que “os brasileiros dão sim importância grande à preservação do meio ambiente, que olham com muita preocupação a rápida degradação do ecossistema da Amazônia legal”.

Em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP - a Febraban realizou consulta entre os dias 11 e 19 de agosto, em curso, com mil e duzentos entrevistados de todas as regiões do país, incluindo 456 habitantes da Amazônia legal. Os referidos entrevistados “acreditam que o maior objetivo dos governos deve ser aliar o desenvolvimento e a preservação da floresta e que a maioria está descontente com as ações de preservação e querem maior punição a quem desmata”.

Explica o presidente da Febraban, Isaac Sidney, “que além da atual relevância do debate sobre a questão ambiental, a pesquisa foi potencializada pelas sucessivas notícias sobre queimadas, ações de grileiros e madeireiras, conflitos entre indígenas e garimpeiros, sempre associados ao aumento do desmatamento ilegal”.

Moral da estória: todo o mundo está preocupado com a situação de “paria” que o Brasil virou na geopolítica internacional por obra do governo Bolsonaro e os bancos mais ainda pela fuga dos investimentos internos e externos do país.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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