#Tigrinho e #Tigrões: o caso Ciro Nogueira
Depois de esvaziar CPI, lobby das apostas online segue aumentando poder no Congresso

Na edição de 4 de julho de 2025, a revista piauí lança seu olhar crítico sobre a enigmática teia que conecta o jogo online Fortune Tiger — popularmente conhecido como “tigrinho” — a uma rede de influência que vai muito além dos limites do entretenimento digital. No centro dessa teia está o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PP–PI), figura proeminente na política nacional e alvo de especulações em recente episódio envolvendo conflito de interesses.
A viagem controversa
Segundo a reportagem, Ciro Nogueira viajou para Mônaco no final de maio, a bordo de um jatinho particular pertencente a Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, empresário do setor de apostas online e investigado pela CPI das Bets — comissão que apura irregularidades no mercado de jogos eletrônicos. A ida não foi exatamente uma missão oficial: o objetivo declarado foi acompanhar o Grande Prêmio de Fórmula 1, evento de alto luxo na Riviera Francesa.
A hospedagem contou com uma carona ainda mais exuberante — um iate de 80 metros alugado por Fernandin que ancorou em Monte Carlo. O episódio provocou uma reação imediata da senadora e relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos–MS), que pediu formalmente o afastamento de Ciro da comissão, alegando que a viagem compromete a isenção do senador.
Potencial conflito de interesse
A proximidade entre Ciro e Fernandin evidencia, para muitos, um claro conflito de interesse: estar sob investigação e ainda sim atuar como membro da CPI — ainda que suplente — mina a credibilidade da comissão. A relatora argumentou que, mesmo que não seja contra a lei, tal convivência escreve na esfera da ética a urgência de transparência.
Trajetória política
Advogado de formação e figura carimbada na política piauiense, Ciro Nogueira, hoje com 56 anos, ascendeu ao Senado em 2011 e destacou-se como presidente nacional do PP. Foi também ministro-chefe da Casa Civil (2021‑2022) no governo Bolsonaro e esteve envolvido em diversas investigações, incluindo a CPI mista do Cachoeira e a operação Lava Jato — embora muitas denúncias tenham sido arquivadas ou rejeitadas.
De acordo com a piauí, o diplomático “tigrão” da política — que se apresenta como defensor do “Estado mínimo” e adversário de vantagens fiscais para os ricos — demonstrou um comportamento "tchutchuca" ao se aproximar do “tigrinho”. A ironia rendeu manchetes e mudou o tom de diversas colunas.
A repercussão do episódio foi imediata:
- Eduardo Girão (NOVO–CE), outro membro da CPI, formalizou pedido de convocação de Fernandin para explicar a relação com o senador
- A senadora Soraya Thronicke protocolou pedido de afastamento de Ciro Nogueira da CPI.
- Nas redes sociais e nos veículos de oposição, o caso foi utilizado para reforçar a mensagem de “blindagem” ao setor de apostas.
A matéria da piauí sublinha a contradição entre o discurso público de Ciro — de comando duro e moralista — e sua escolha ao aceitar tratamento VIP financiado por um investigado da comissão que ele integra.
A cobertura da revista piauí coloca em foco o ponto nevrálgico deste episódio: a dança entre poder político e dinheiro. O “tigrinho”, apesar do apelido lúdico, simboliza episódios recorrentes de opacidade na política brasileira. No centro dessa encruzilhada está um senhor do centrão que, ao navegar com empresários questionados, lança sombras sobre sua própria isenção.
Veja na piauí:
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