Arnaldo Eugênio

Teatrinho ou Gaslighting: relacionamentos tóxicos, enganosos e abusivos

Esses casos podem variar de uma negação até a realização de eventos bizarros, sádicos


Teatrinho ou Gaslighting: relacionamentos tóxicos, enganosos e abusivos
Atores que interpretaram Gaslight, uma Relação Tóxica, no teatro

Em algum momento nas nossas relações interpessoais já nos deparamos (ou nos depararemos) com alguém perverso que faz de tudo para manipular situações e interações com outrem, por meio de mentiras e disse-me-disse com o objetivo de se favorecer e maltratar, humilhar, usar, ultrajar e desdenhar. Uma espécie de “teatrinho de sociopata”, usado para perturbar a sanidade do seu interlocutor – p.ex. muito comum em relacionamentos tóxicos, enganosos e abusivos –, denominado de Gaslighting (Theodore Dorpat, 1996).

O termo surgiu e se popularizou com a encenação da peça teatral “Gas Light” (do ing. “luz a gás) de 1938 e às suas adaptações para o cinema – protagonizado por Ingrid Bergman, no filme Gaslight de 1944. O termo também tem sido utilizado na literatura clínica psicológica (Theodore Dorpat, 1996; Neil Jacobson, 1998).

O gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico na qual as informações ou fatos são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente arranjadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade (Theodore Dorpat, 1996).

Os casos de gaslighting são seríssimos e podem variar de uma simples negação ou omissão proposital por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram, até a realização de eventos bizarros e sádicos pelo abusador com a intenção deliberada de desorientar a vítima. Ou seja, é uma manipulação psicológica sistemática utilizada por homem ou mulher contra uma vítima.

Por exemplo, o “gaslighting” é comum em enredos de finais de relacionamentos de casais, trisais ou quartetos, onde um dos pares ou ambos tentam convencer a outra pessoa e outras pessoas de que alguém na relação é louca, falsa ou mentirosa, manipulando pequenos elementos e outros aspectos da do relacionamento e, posteriormente, insistir que aquela está errada ou que se lembra de coisas incorretamente quando ela aponta tais mudanças.

O título original da peça teatral “Gas Light” decorre do escurecimento das luzes alimentadas por gás na casa do casal, que aconteceu quando o marido estava usando as luzes no sótão, enquanto busca um tesouro escondido. A esposa percebe com precisão o escurecimento das luzes e discute o fenômeno, mas o marido insiste que ela está apenas imaginando uma mudança no nível de iluminação.

O gaslighting é um sociopata que apresenta distúrbio mental caracterizado pelo desprezo por outras pessoas movido pela raiva, inveja ou malquerença. O termo "Gaslighting" é utilizado desde 1960, para descrever a manipulação do sentido de realidade de alguém.

Segundo a psicóloga Martha Stout (2006), os sociopatas frequentemente usam táticas de gaslighting, para transgredir os costumes sociais, as leis e explorar os outros. Geralmente são mentirosos, charmosos e convincentes ao negar os atos que praticam. Assim, algumas pessoas vítimas de sociopatas podem duvidar de suas próprias percepções. Alguns cônjuges praticam abusos físicos e infidelidade conjugal por gaslighting em seus parceiros, mesmo ao negando enfaticamente que tenham sido violentos (Neil Jacobson; John Gottman, 1998).

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