Política

Sobre o papel das esquerdas, o esquerdismo de José Genoino e as táticas partidárias

Quando não se é candidato a nada e se está fora do jogo, é fácil ser radical, diz Marcelino Fonteles

  • sábado, 5 de dezembro de 2020

Foto: PensarPiauiMarcelino Fonteles e José Genuíno
Marcelino Fonteles e José Genuíno

Por Marcelino Fonteles, cientista social

(A partir da matéria Chamando W. Dias de pragmático, Genuino diz: "o PT enfeita o bolo das elites" )

Sobre o papel das esquerdas, sobre a recaída de esquerdismo do Genoino e sobre as estratégias e táticas no curto e no médio prazo na conjuntura política brasileira.  

Quando não se é candidato a nada e se está fora do jogo, é fácil ser radical, ser um livre atirador.

O Genoino, antes de existir o PT, já militava na esquerda. É um companheiro de muito valor! Quando entrou no PT e começou a assumir responsabilidades no PT, foi se tornando cada vez mais moderado. Quando se candidatou ao governo de São Paulo, pelo PT e quase ganha as eleições, o discurso do Genoino me preocupava, porque ele estava indo para a centro direita. Me lembro que alguns companheiros do PT diziam: segura o homem senão ele desanda para o lado de lá.....depois o Genoino foi preso injustamente, e não parece ter pretensão eleitoral nesse momento..... aí, recomeçou a nova ou a velha radicalidade do Genoino..... está voltando ao esquerdismo, que tinha antes de ser Deputado Federal pela primeira vez..... tenho observado que mesmo alguém da inteligência, da experiência e da envergadura de Genoino Neto pode cometer equívocos graves..... Afinal, não podemos atirar como franco atiradores.... todos somos responsáveis, com mandato ou sem mandato, com cargos ou sem cargos.....  ( Qual foi o resultado das FRENTES DE ESQUERDA, no segundo turno das  últimas eleições  para as capitais de São Paulo e Porto Alegre? E qual foi resultado do segundo turno da Frente de Esquerda que apoiou o excepcional candidato Fernando Haddad?).  

Lênin já disse há muito tempo atrás: o esquerdismo é uma doença do comunismo.....

Imagine, estamos sob um governo federal fascista, estamos na defensiva e o fascismo na ofensiva... E o que se deve fazer? Lembram como foram as ascensões do Mussolini, na Itália, e do Hitler, na Alemanha? As esquerdas desses países, na época da ascensão do Fascismo e do Nazismo, chamavam  os partidos sociais democráticos ou os partidos democráticos de direita, de traidores do povo. E não queriam nenhuma aliança com eles, mesmo que fosse para derrotar o mal maior: o fascismo e o nazismo.....E as esquerdas foram sectarizando e se isolando cada vez mais. Resultado: o Fascismo e o Nazismo venceram e se consolidaram e prolongaram suas vitórias. Todos os partidos políticos de esquerda foram extintos e seus dirigentes presos ou assassinados ou exilados. Será que essa história não nos ensina nada?

Agora, podemos nos perguntar: e depois de derrotarmos Bolsonaro e sua milícia fascista, e depois de derrotarmos suas seitas/facções religiosas fundamentalistas, e seus empresários fascistas financiadores das campanhas fake News e patrocinadores dos robôs e das milícias digitais?....Depois que conseguirmos derrotar os Bolsonaristas fascistas, e o Estado Brasileiro estiver nas mãos de quem defende e pratica a democracia, creio que o PT e os demais partidos de esquerda, paralelamente à retomada do Estado Democrático de Direito, devem retomar o trabalho de base nas diversas organizações sociais, devem retomar e intensificar o trabalho de formação não só nas instâncias partidárias, não só para sindicatos, associações​ de bairro, juventude, mulheres,  negros, LGBT, mas buscar  ampliar a formação para os  mais diversos grupos da sociedade, como os leigos e os dirigentes das mais diversas igrejas, as novas e precárias classes trabalhadoras, como quem trabalha em Call Centers, como em relação àqueles e àquelas que trabalham com aplicativos e entregas etc.  

Além disso, devemos reinventar e investir nos mais diversos instrumentos de comunicação. A nova comunicação deve ser, de fato, uma prioridade. E se precisa trabalhá-la de forma profissional. É preciso também incentivar, promover e fortalecer as lideranças mais jovens. Dessa forma,  podemos trabalhar na construção e fortalecimento da FRENTE DE ESQUERDA. ÀS VEZES É PRECISO RECUAR UM PASSO PARA, LOGO A SEGUIR, AVANÇAR INÚMEROS PASSOS. Essa é a estratégia política que considero mais adequada para as esquerdas brasileiras na atual conjuntura.

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