Conib ataca Lula por declaração sobre genocídio em Gaza
Ataca Lula, mas patrocina propaganda e viagens de André Mendonça, do STF, e Tarcísio de Freitas

A Confederação Israelita do Brasil (Conib), principal representante da comunidade judaica organizada no país, voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após novas declarações em que o mandatário condenou a atuação de Israel na Faixa de Gaza, chamando-a de "genocídio".
“Não estamos vendo uma guerra entre dois exércitos equiparados. É um exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças indefesas na Faixa de Gaza. Isso não é guerra, é genocídio, em total desrespeito às decisões da ONU, que já pediu o fim desse conflito”, afirmou Lula no domingo (1º).
Nas redes sociais, o presidente também compartilhou uma nota do Itamaraty que condena, "nos mais fortes termos", a decisão do governo israelense de aprovar 22 novos assentamentos na Cisjordânia — território reconhecido internacionalmente como parte do futuro Estado Palestino.
Em resposta, a Conib, presidida pelo médico Claudio Lottenberg, emitiu nota em que classifica as declarações de Lula como “antissemitas e irresponsáveis”. A entidade afirma que o presidente “distorce a realidade” para atacar o Estado de Israel, que, segundo a Conib, está agindo em legítima defesa após os ataques promovidos pelo grupo Hamas em 7 de outubro de 2023.
“Israel não pratica genocídio. Essa acusação ignora os fatos e contribui para alimentar o antissemitismo. O país age para se defender de uma organização terrorista que utiliza civis como escudos humanos”, diz a nota.
A Conib também expressa preocupação de que as declarações do presidente possam gerar hostilidade à comunidade judaica no Brasil. “O Brasil é um país onde a comunidade judaica vive em paz. As falas do presidente, no entanto, podem comprometer essa convivência ao alimentar discursos antissemitas entre seus apoiadores”, conclui o comunicado.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu à nota. “Mais uma vez, a Conib distorce as declarações do presidente Lula sobre o massacre da população palestina em Gaza. Lula sempre separou o governo israelense de extrema direita da comunidade judaica. Falar a verdade é essencial para construir a paz”, afirmou.
Críticas ao lobby israelense
Desde o início da ofensiva militar israelense em Gaza, a Conib tem criticado duramente as posições do governo brasileiro e promovido iniciativas para influenciar autoridades locais a adotarem posturas mais alinhadas com Tel Aviv. A entidade tem patrocinado viagens de autoridades brasileiras a Israel e divulgado posicionamentos públicos em defesa das ações militares do país.
Em março de 2024, após declarações de Lula que compararam a ofensiva israelense ao extermínio de judeus na Alemanha nazista, Israel declarou o presidente brasileiro “persona non grata” e intensificou os laços com lideranças políticas da oposição no Brasil. Governadores como Tarcísio de Freitas (SP) e Ronaldo Caiado (GO) foram convidados a visitar Israel. Romeu Zema (MG), por sua vez, recusou o convite.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi convidado, mas está impedido de sair do país por decisão judicial. A visita teve como destino a região atacada pelo Hamas em outubro, episódio que desencadeou a atual crise humanitária em Gaza.
Visita de autoridades jurídicas a Israel
Em janeiro, uma comitiva liderada pela Conib e pelo cientista político André Lajst, defensor público do governo israelense no Brasil, viajou a Israel. O grupo visitou o Knesset, o parlamento do país, e contou com a presença de integrantes do Judiciário brasileiro, incluindo o ministro do STF André Mendonça e outros magistrados de cortes superiores.
Após a viagem, Mendonça atualizou sua imagem de capa nas redes sociais para uma composição com fotos de reféns israelenses, acompanhada de um texto em hebraico. Ele também trocou sua foto de perfil por uma imagem em preto e branco, em sinal de solidariedade às vítimas dos ataques do Hamas.
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