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Chamando W. Dias de pragmático, Genoino diz: "o PT enfeita o bolo das elites"

"O PT resolveu se acomodar à ordem do Estado brasileiro" - disse ele

Foto: PensarPiauiWellington Dias e José Genoíno
Wellington Dias e José Genoino

José Genoino é ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, ex-deputado federal por São Paulo. Foi militante do movimento estudantil na virada dos anos 1960-70 e participou da guerrilha do Araguaia, sendo preso e barbaramente torturado pelo Exército. Foi perseguido durante a campanha que ficou conhecida como “mensalão” em 2005, condenado e preso injustamente. Teve sua pena extinta pelo STF em 2014.

Hoje, na condição de militante do PT, sem pretenções eleitorais ou diretivas no Partido, ele continua um provocante pensador dos caminhos petistas e da esquerda brasileira. Em uma entrevista aos jornalistas Luís Costa Pinto e Eumano Silva, Genoino fez uma análise de qual Brasil saiu das eleições municipais. Para ele "quem ganhou as eleições foram as forças que defedem o "status quo", as forças que representam um sentimento confuso, do medo da pandemia, do medo da morte. do medo de pérder tudo. Uma maioria política tradicional, mas não é hegemonica". 

Para a esquerda e, particularmente o PT, Genoino preve uma encruzilhada. Ele pergunta: "nós vamos aderir à ordem política, autoritária que nasceu no golpe, nasceu no Capitão, que nasceu na prisão do Lula, e vamos modifica-la por dentro? Ou somos um polo de esquerda alternativo, com um programa democrático e popular radical, mudando os métodos de organização, fazendo uma frente de esquerda?" 

Essa é a encruzilhada, segundo Genoino. E o Lula é a saída! "Mandela quando foi preso, era um radical, saiu de lá um conciliador. Lula, ao ser preso, era um conciliador, mas ele tem uma vinculação com a massa que o faz ir à radicalidade, se não ele morre" - completou o ex-presidente do PT.

"Porque alguns do PT querem arquivar o Lula" - pergunta Genoino. 

Ao fazer a pergunta ele afirma que o PT de 2002 para cá, "resolveu se acomodar à ordem do Estado brasileiro. Estabelecemos uma governabilidade sem questionar as estruturas do Estado. Vamos continuar sendo uma força que caminha por dentro de uma institucionalidade conservadora? Essa institucionalidade castra o PT". 

Ao afirmar isso, Genoino deu exemplo. Falou do tempo que o PT levou governando o Acre e hoje não consegue mais eleger um vereador em Rio Branco. Disse que os governadores do Nordeste tem "uma política de maneirar". Foi duro nas críticas ao resultado eleitoral da Bahia, disse que no Ceará é mais PDT que PT, e disse: "veja o pragamatismo de Wellington Dias no Piauí".

Assista a íntegra da entrevista:

: “Esses que querem cancelar o Lula são justamente os que querem fazer pactos. O Jaques Wagner perde a eleição na Bahia e a culpa é do Lula e do PT? O PT não pode entrar na lógica da conciliação com as elites. Porque as elites não querem pactuar com o PT. O partido precisa voltar a ser o grande rebelde da política brasileira. E o Lula tem que ser o líder desse processo. Caso contrário, morreremos”.

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