Sentiu: Ciro Nogueira ameaça Lula e defende cortes em saúde, educação e salário mínimo
Ciro Nogueira sobe o tom contra Lula, defende cortes sociais e ameaça CPI diante de críticas à elite econômica

Em entrevista concedida à GloboNews nesta quarta-feira (9), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro e atual presidente do Progressistas, assumiu tom de confronto aberto contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa com a emissora, Nogueira não apenas criticou as políticas fiscais da atual gestão como também ameaçou o governo com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), caso não cessem as críticas nas redes sociais aos privilégios da elite econômica brasileira.
Ciro se posicionou contra a reoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — uma medida adotada pelo governo Lula para ampliar a arrecadação com foco na parcela mais rica da população, como viajantes internacionais e grandes investidores. De forma controversa, o senador alegou que o IOF atinge “as pessoas de baixa renda”, citando supostos impactos sobre financiamentos de itens básicos como “geladeira e supermercado”. “Se quiser cobrar IOF de quem viaja para o exterior, não tem problema. Mas a antecipação para pequenas empresas e financiamentos populares, nós não aceitamos em hipótese alguma”, afirmou.
Mais do que discordar da política tributária, Nogueira deu voz ao desejo de parte da elite econômica — e de segmentos da grande mídia — ao defender abertamente cortes em áreas sociais como saúde e educação, além de criticar a política de valorização do salário mínimo. “Estamos aguardando uma manifestação do próprio governo com propostas de corte de gastos. A nossa federação (formada por PP e União Brasil) já decidiu: se não cortarmos na carne, defendo um corte linear em todos os setores — Executivo, Legislativo e Judiciário”, declarou.
O Progressistas e o União Brasil, juntos, formam a maior bancada da Câmara, com 104 deputados federais, além de 14 senadores. Esse peso no Congresso tem sido usado como instrumento de pressão sobre o governo federal.
Durante a entrevista, o senador foi além das críticas e sugeriu o uso da máquina legislativa para intimidar a comunicação governamental e influenciadores que têm denunciado os privilégios do topo da pirâmide social. Ao ser questionado se a polarização entre ricos e pobres prejudicaria o clima político, Nogueira respondeu com uma ameaça direta: “Essa é uma campanha desleal do governo. Estou alertando: essas agências que recebem recursos públicos não aguentam a quebra de sigilo numa CPI. Vai aparecer quem está recebendo dinheiro para fazer essa campanha”.
O senador ainda fez alusão ao escândalo do mensalão, comparando o cenário atual ao período em que Marcos Valério foi acusado de operar repasses ilegais. “Espero que isso cesse. Não queremos mais crise no país. Espero que não se utilize desse tipo de estratégia comandada pelo ministro das Comunicações”, completou, em uma referência indireta a Juscelino Filho.
A entrevista de Ciro Nogueira escancara a resistência de setores conservadores à proposta de justiça fiscal promovida pelo governo Lula. Em vez de discutir uma distribuição mais equitativa dos encargos públicos, parte da elite política e econômica continua a defender medidas que atingem a base da população — como cortes em direitos sociais —, enquanto tenta blindar os mais ricos de qualquer ônus tributário.
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