Segurança Pública

Saúde privada, jovem 'sex symbol', crime e resistência ao capitalismo

Por que um assassino se tornou um ídolo nos EUA?


Saúde privada, jovem 'sex symbol', crime e resistência ao capitalismo
Brian Thompson e Luigi Mangione

A  UnitedHealthcare é a maior operadora de planos de saúde dos Estados Unidos. Ela faz parte do UnitedHealth Group, gigante do setor de saúde sediado em Minnesota, nos EUA.

O UnitedHealth Group possui cerca de 396 mil funcionários, como médicos, enfermeiros, tecnólogos, cientistas de dados, defensores de cuidados, administradores, pesquisadores, e atende cerca de 149 milhões de pessoas, segundo a própria companhia.

A empresa era frequentemente criticada pela negação de coberturas e procedimentos médicos. Em 2023, a UnitedHealthCare foi alvo de uma ação coletiva em nome de pacientes que faleceram após a negativa de procedimentos. A empresa utilizava uma ferramenta de inteligência artificial para avaliar os pedidos, mas investigações revelaram que a tecnologia apresentava uma taxa de erro de 90%. O sistema foi mantido, pois estimava-se que apenas 0,2% dos pacientes apelariam das negativas.

Esse não foi o único caso polêmico envolvendo a empresa. Em 2008, a UnitedHealthCare foi multada em US$ 173 milhões por mais de 900 mil violações da Lei das Práticas Injustas de Seguro na Califórnia.

A UnitedHealthCare se tornou um símbolo da crueldade do sistema de saúde norte-americano, marcado por custos elevados, recusa de procedimentos e acesso desigual. Um estudo de 2023 do observatório KFF apontou que 14 milhões de americanos têm dívidas médicas superiores a US$ 1.000, 3 milhões devem mais de US$ 10.000 em custos médicos, e cerca de 10% da população não possui qualquer tipo de seguro de saúde.

Uma pesquisa Gallup de janeiro de 2023 mostrou que 57% dos americanos apoiam um sistema de saúde público com participação de empresas privadas, semelhante ao modelo brasileiro.

Em 04 de dezembro Brian Thompson CEO da UnitedHealthcare foi baleado e morto em Manhattan. Ele estava caminhando em Nova York para participar de uma conferência da empresa.

Luigi Mangione, 26, é suspeito de ser o assassino de Brian Thompson. Ele foi preso na Pensilvânia.

Mangione possuía uma arma de fabricação caseira que correspondia à usada no assassinato de Thompson, além de um manifesto contra o executivo.

Ele foi acusado de vários crimes, incluindo homicídio, falsificação e posse ilegal de arma de fogo, e está preso no estado da Pensilvânia.

Nas redes sociais, muitos aplaudiram o assassinato e aclamaram o assassino - até então desconhecido do grande público -, evidenciando a insatisfação pública com o sistema de saúde dos EUA.

Nas redes sociais, Mangione postou fotos de uma cirurgia de coluna, apontada como possível estopim para sua vingança contra o CEO.

“Peço desculpas por qualquer conflito ou trauma, mas tinha que ser feito. Francamente, esses parasitas simplesmente mereceram", escreveu o criminoso em um manifesto.

Mangione, um mestre em engenharia da computação formado pela Universidade de Penn State, acabou se tornando uma figura vista positivamente nas redes sociais.

Considerado um "galã" e destacado por sua aparência, o jovem tornou-se uma mistura de sex symbol com símbolo de resistência ao capitalismo avassalador dos EUA, mesmo sendo um possível assassino. Rapidamente, ele se tornou um meme, inclusive nas redes brasileiras.

Fã do terrorista Ted Kaczynski, o Unabomber, Luigi foi alçado ao status de ídolo para uma parcela considerável de pessoas nas redes sociais, inspiradas pela revolta contra o sistema de saúde dos EUA.

Jaqueta de Mangione

O burburinho em torno do caso na web resultou até em um concurso de sósias e especulações sobre as peças de roupa que ele aparece usando nas imagens divulgadas pela polícia.

A jaqueta de algumas das imagens divulgadas pela polícia teria vendido mais de 700 unidades em poucos dias. Uma postagem no fórum Reddit especulou que o atirador possivelmente usou um modelo da marca Levi’s no estilo trucker, com forro de moletom e capuz. No site da varejista Macy’s, segundo o TMZ, a peça custa US$ 225 e teve mais de 6 mil visualizações em 48 horas. O site diz ter procurado a loja para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno.

A jaqueta de algumas das imagens divulgadas pela polícia teria vendido mais de 700 unidades em poucos dias. Uma postagem no fórum Reddit especulou que o atirador possivelmente usou um modelo da marca Levi’s no estilo trucker, com forro de moletom e capuz. No site da varejista Macy’s, segundo o TMZ, a peça custa US$ 225 e teve mais de 6 mil visualizações em 48 horas. O site diz ter procurado a loja para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno.

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