Lula adota postura cautelosa sobre escala 6x1
Quer discutir com trabalhadores e empregadores antes de "entrar de cabeça"

Em meio ao crescente apoio popular pelo fim da escala 6x1, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem adotado uma postura cautelosa em relação à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que propõe alterações no regime de trabalho. A PEC, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), sugere uma jornada de trabalho de até 8 horas diárias e 36 horas semanais, com uma escala de quatro dias trabalhados e três de folga. Já com o apoio de mais de 1,3 milhão de brasileiros em um abaixo-assinado, a proposta enfrenta resistência no Congresso e no setor empresarial. De acordo com Igor Gadelha, do Metrópoles, o Planalto decidiu priorizar o diálogo com empregadores e trabalhadores antes de se posicionar oficialmente sobre o tema.
Para que a PEC siga sua tramitação na Câmara dos Deputados, ela precisa do apoio de pelo menos 171 parlamentares. Até o momento, o texto conta com o apoio de cerca de 106 deputados, e Erika Hilton tem intensificado as articulações para conseguir a adesão da bancada do PT e outros aliados do governo. O governo federal, no entanto, não pretende se envolver diretamente na discussão antes de construir um consenso com os setores afetados pela mudança. De acordo com interlocutores do Planalto, a estratégia é evitar uma polarização precoce, buscando um equilíbrio entre as necessidades dos trabalhadores e as preocupações do empresariado.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), seguiu a orientação de Lula e se manifestou nas redes sociais sobre o tema, destacando a necessidade de um debate amplo e detalhado. “O Ministério do Trabalho e Emprego tem acompanhado de perto o debate e entende que esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada, considerando as necessidades específicas de cada área”, afirmou Marinho. Ele sugeriu que a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais seja discutida em convenções e acordos coletivos entre empregadores e empregados, destacando que a mudança é "plenamente possível e saudável" se acordada bilateralmente.
A fala de Marinho, que defendeu o diálogo com todos os setores, gerou discordância interna no governo. Alguns avaliam que o ministro poderia ter aguardado uma posição mais clara antes de se manifestar publicamente, temendo desgaste com o setor empresarial. Essa cautela reflete a estratégia do Planalto de não tomar uma posição definitiva enquanto ainda se articula nos bastidores com empresários e representantes dos trabalhadores.
Por outro lado, Erika Hilton e os defensores da PEC enfatizam a necessidade de uma mudança que proporcione melhor qualidade de vida para os trabalhadores, garantindo mais tempo de descanso. Este argumento tem sido bem recebido pela população, que tem se mostrado favorável à alteração. No entanto, o setor empresarial expressa preocupações sobre o impacto da nova escala nos custos operacionais, argumentando que a adaptação de escalas e turnos poderia afetar a produtividade.
A PEC 6x1, portanto, se configura como um tema central nas discussões sobre as relações de trabalho no Brasil. O governo Lula, por sua vez, segue adotando uma postura de cautela, buscando ouvir todos os envolvidos antes de tomar uma posição definitiva, com o objetivo de encontrar um equilíbrio entre as demandas dos trabalhadores e as necessidades do mercado.
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