Mulher

Janja, mulher, tu é o cão!

Conte comigo para tudo! Vambora desafiar o coro dos descontentes!


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Janja
Por Cinthia Lages, jornalista

Janja não é exatamente uma Miss Simpatia, né?! Também falta a ela, o timing na escolha das entrevistas que concede  e, talvez , só talvez,  devesse trocar a armação dos óculos, mudar o figurino…Se você, caro ou cara hater da nossa primeira dama está acreditando que este texto vai alimentar sua disponibilidade diária de atacar essa mulher, a ponto de fazer dela uma figura fácil nos TTs do ex-Twitter, faça o favor de dar meia volta para o grupo de zap.

Se, no entanto, decidir  ficar por aqui, tenta, ao  menos, segurar a janjafobia!

Vamos aos motivos! Se é verdade que é de Janja da Silva, a ideia de realizar um Festival com ritmos brasileiros, exemplares profundos da nossa ancestralidade para recepcionar os cerca de 50 mil  participantes do Fórum Econômico Mundial, apelidado de G-20, que está sob a Presidência do Brasil, se ela é responsável pela escolha dos artistas e, dizem, até do repertório do evento, só resta algo a dizer: Janja é brilhante! Ou melhor,  aqui no Nordeste, a gente diz logo assim: Janja, mulher, tu é o cão! Entendedoras, entenderão!

E olhe que, a pessoa que aqui vos fala nunca foi exatamente sua maior fã, embora, como mulher,  sempre tenha defendido a sua bravura e determinação de pautar a luta feminina em um país adoecido pelo machismo. Quanto a isso, ela sempre teve o meu respeito e a minha mais absoluta cumplicidade! Também considero admirável a capacidade que ela tem de enfrentar tantos muros que foram erguidos para tentar impedir que mulheres em situação de poder possam se fazer ouvir.

Mas Janja  foi longe demais com aquele Festival da Aliança Global! Que cenografia é aquela? Que palco é aquele? E que artistas!  Fui testemunha da  primeira noite, e, como todos à minha volta, me emocionei com Daniela Mercury cantando Gilberto Gil, com as  projeções de “meninas baianas” nos prédios do entorno da zona portuária do Rio de Janeiro.



Foi potente a chegada ao palco do artista que é  Seu Jorge !  E ele chegou saudando o Santo xará da Capadócia enquanto imagens de favelas ocupavam a fachada do velho galpão. Puro suco dos Brasis que uma parte barulhenta do Brasil prefere que siga invisibilizado. Mas a favela se fez presente ganhando força no espaço que é de todos.
No dia do samba, ouvi Teresa Cristina dar o recado definitivo: “nós sabemos porque subimos naquela palco!”  

Na ânsia de barrar o avanço do conservadorismo, políticos que se dizem de esquerda defendem o abandono das chamadas “pautas identitárias” que, na prática, reúnem um conjunto de ideias que fizeram milhões de pessoas acreditar em Lula e no PT. Pois bem, Janja parece ser a única a compreender como se conversa com os grupos que pregam o ódio e não é abrindo mão das lutas sociais.

Mas voltemos à Janja e a contrariedade que ela representa para a direita, cada vez mais extrema e que não gosta de Arte, não gosta de Cultura e, convenhamos, não gosta de imaginar um mundo em que mulheres são mais do que jarros decorativos do lar.

No universo paralelo onde manipulam através de mentiras, negam a Ciência e reinventam a ordem social, nesse universo, mulher não dança, homem não pode cantar!  Tudo que signifique expressão do livre pensamento é tratado de forma pejorativa!  Nisso, eles são coerentes. Taí a história que não nos deixa mentir!  

A onda de conservadorismo eleitoreiro  que varre o país do samba e do funk, está mais ousada desta vez. Os  lacradores digitais  decretaram que está proibida a celebração entre os povos, a exaltação de toda a nossa diversidade musical, nossa capacidade de encantar. A direita sequestrou ( ou pelo menos tentou) a alegria dos brasileiros …. a Janja foi lá, e sequestrou o Grinch que quer acabar a alegria brasileira e resgatando nosso direito de celebrar ! Grata, Janja! Conte comigo para tudo! Vambora desafiar o coro dos descontentes!


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