Política

Jair Bolsonaro ameaça decretar a reabertura das atividades comerciais

Amanhã, pode ser um marco na trajetória da calamidade pública decorrente da crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19

  • domingo, 12 de abril de 2020

Foto: MetrópolesAndanças em público
Andanças em público

 

A segunda-feira subsequente ao Domingo de Páscoa, portanto, amanhã (13-4), pode ser um marco na trajetória da calamidade pública decorrente da crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19. Após três dias consecutivos de passeios em público, aglomerando dezenas ou centenas de pessoas, seus seguidores, em torno de si, o presidente Jair Bolsonaro ameaça decretar a reabertura das atividades comerciais. Parece que ele vai passar do discurso, dos gestos, para as ações, em todo o território nacional.

Isso no momento em que os casos de coronavírus começam a entrar na trajetória que levará ao pico do contágio, o lapso de tempo máximo de pessoas contaminadas, gravemente enfermas ou mortas, provavelmente daqui a 15, 20 ou 30 dias. É o prazo estimado mais curto, teoricamente, segundo a medicina e outras áreas da ciência, para “achatar” o tal pico sinistro e permitir que o sistema de saúde não entre em colapso. O Brasil ainda está vivendo o estágio inicial, no pé do doloroso cume.

Segundo todas as autoridades sanitárias, o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), seria necessário pelo menos igual período de isolamento social, por parte de 70% da população, no mínimo. É um cenário muito complexo, considerando as dimensões continentais e as características demográficas e econômicas do País, mas as informações confiáveis, baseadas em parâmetros científicos, dão conta de que esse percentual deveria se configurar nas capitais e noutros grandes e médios centros, por enquanto.

Ministro desmoralizado

Porém, para o presidente, tudo isso não faz o menor sentido. Ele desmoraliza, dia a dia, o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao visitar padaria, em Brasília (DF), obras de hospitais de campanha, em Goiás, e cumprimentar a multidão, escandalizando não só a maioria dos brasileiros, mas o planeta. Os principais veículos de comunicação de todo o mundo estampam notícias sobre o comportamento genocida de Bolsonaro, que, ao incentivar aglomerações, contribui para o agravamento das consequências negativas na saúde.

Jair não teve pulso para demitir o ministro, quando a crise epidêmica explodiu, há duas ou três semanas, mas optou por ridicularizá-lo, para regozijo de seus milhões de apoiadores, e sabotá-lo, a ponto de prejudicar, em conjunto, as ações dos governantes, nas três esferas do poder executivo. Quando, obviamente, todos deveriam estar trabalhando, conjuntamente, em cooperação perfeita, de modo a combater a pandemia da COVID-19. Não é preciso repetir que se trata de conduta irresponsável, por parte do presidente da República.

Seus movimentos certamente influenciaram na mudança de comportamento da população, que arrefeceu o isolamento social, reduzindo-o a porcentagens abaixo dos 50%. Bolsonaro diz e faz o contrário do que defende o ministro, ainda não demissionário por força das circunstâncias, únicas, e em função da respectiva popularidade instantânea adquirida com o advento da chegada da COVID-19. Diante de tantos sinais trocados, é claro que o sacrifício popular de manter o confinamento seria auto-atenuado, podendo piorar muito a situação.

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