Gonet é o favorito para ser o novo procurador-geral da República
"Martelo não está batido, mas Gonet é o favorito no momento", disse uma fonte do Palácio do Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou a aliados que deve escolher o atual vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A expectativa é que a indicação seja oficializada até o início da próxima semana.
Embora Lula tenha se reunido com outros cotados para a vaga, a escolha de Gonet leva em conta, principalmente, o entendimento de que ele tem mais independência em relação à “corporação Ministério Público” do que os demais nomes que foram colocados na disputa.
Além disso, a avaliação de interlocutores de Lula é que Gonet é o único entre cotados a ter “apoio externo” — principalmente do Supremo Tribunal Federal (STF) — para ter, de fato, controle da instituição. O vice-procurador-geral eleitoral tem o respaldo dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
A PGR está sob a gestão interina de Elizeta Ramos desde o fim de setembro, quando Augusto Aras deixou o cargo.
Ainda em meados de setembro, dias antes de Augusto Aras deixar o comando da PGR, Lula recebeu Gonet e o subprocurador-geral da República Antônio Carlos Bigonha.
À ocasião o presidente disse a aliados ter ficado “mais bem impressionado” com o vice-procurador-geral.
Dias depois, Gonet se reuniu com o ministro Cristiano Zanin, do Supremo, que é um dos principais conselheiros de Lula na escolha dos nomes tanto para a PGR quanto para a vaga de Rosa Weber, no STF.
De acordo com interlocutores, os dois conversaram sobre o que o atual vice-procurador-geral eleitoral enxerga para a gestão da PGR e também sobre o que são considerados erros da história recente da instituição, principalmente no que diz respeito à Operação Lava Jato.
A sombra da força-tarefa de Curitiba e da gestão de Rodrigo Janot no Ministério Público Federal tem peso determinante na definição de Lula por Gonet, segundo aliados. O entendimento é que, entre os cotados, ele demonstrou mais força para não sucumbir a pressões internas.
Na segunda (14), ministros do governo e também do Supremo já apostavam no favoritismo de Gonet — a despeito das conversas recentes do presidente com Luiz Augusto Santos Lima, apoiado pelo ex-presidente José Sarney, e Aurélio Virgílio Veiga Rios, nome defendido por integrantes do PT.
Sobre a tendência de Gonet tornar-se Procurador-Geral veja o que escreveu o professor Luis Felipe Miguel:
A imprensa relata que Lula se inclina pela nomeação de Paulo Gonet Branco para a Procuradoria-Geral da República.
Se isso se concretizar, é um grave erro.
Gonet falha nas três dimensões que poderiam orientar a escolha do novo procurador-geral.
Se Lula quisesse escolher alguém comprometido com uma agenda de defesa dos direitos sociais, teria muitas opções no Ministério Público, mas Gonet - que nunca demonstrou nenhum tipo de compromisso com essas pautas - não é uma delas.
Se fosse para colocar alguém leal ao governo, que se dispusesse a fazer por Lula o que Aras fez por Bolsonaro, também não seria Gonet – um oportunista que esteve com a Lava Jato, tentou se aproximar de Bolsonaro, agora corteja Lula.
Pode parecer bom, desse ponto de vista bem pragmático e pouco republicano, um procurador-geral com espinha mais flexível, mas não é. Gonet vai proteger Lula enquanto for conveniente para ele. Se muda a situação (e não precisa mudar muito, do jeito que anda), ele adere ao que parecer mais promissor.
Se Lula quer se fortalecer politicamente, também não deve escolher Gonet, alinhado a Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes – portanto, alguém que reforça o poder do Supremo.
Pra completar, Gonet é homem, branco (até no nome), carioca, não contempla nenhuma minoria identitária – não alivia, em suma, a pressão sobre Lula em relação à vaga no STF.
Uma péssima escolha. Tomara que não se concretize.
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