Saúde

Exame inovador promete diagnóstico rápido de autismo em bebês

Tecnologia já aprovada nos EUA foi desenvolvida com participação de neurocientista brasileiro e identifica sinais do transtorno em apenas 15 minutos.


Reprodução Exame inovador promete diagnóstico rápido de autismo em bebês
Exame inovador promete diagnóstico rápido de autismo em bebês

Nos Estados Unidos, um exame recentemente aprovado promete transformar o diagnóstico de bebês com transtorno do espectro autista (TEA). A inovação, que utiliza tecnologia de rastreamento ocular enquanto os bebês assistem a vídeos, foi desenvolvida com a colaboração do neurocientista brasileiro Ami Klin, diretor do principal centro de tratamento de autismo dos EUA, localizado em Atlanta.

A metodologia é simples: crianças de 1 ano e 4 meses a 2 anos e meio assistem a 14 vídeos curtos, enquanto câmeras monitoram os movimentos oculares. Os dados são analisados em tempo real por um sistema capaz de identificar padrões de atenção típicos e atípicos. O resultado do exame é fornecido em apenas 15 minutos.

“Crianças neurotípicas prestam atenção nas expressões emocionais. Já as com autismo tendem a focar em detalhes, como a portinha de um carrinho abrindo e fechando”, explica Klin.

Diagnóstico rápido, tratamento mais eficaz

Nos Estados Unidos, o diagnóstico tradicional de autismo pode levar de dois a três anos. Para Klin, esse atraso prejudica o início precoce do tratamento, que é fundamental para o desenvolvimento da criança.

“Quando o diagnóstico é tardio, o que se trata são as consequências do autismo sem intervenção, como os atrasos na linguagem e no desenvolvimento intelectual”, afirma.

A tecnologia foi aprovada pelo órgão regulador americano em agosto de 2023 e já está em uso em 47 centros especializados nos EUA, onde cerca de 5.800 crianças são avaliadas anualmente. Para ampliar o acesso, duas vans foram transformadas em clínicas móveis, levando o exame a locais de difícil acesso.

O equipamento custa cerca de US$ 7 mil, e o valor de cada exame é de US$ 225. Na Geórgia, alguns planos de saúde já cobrem o procedimento. No entanto, ainda não há previsão para que a tecnologia chegue ao Brasil, já que depende da aprovação dos órgãos regulatórios nacionais.

Caso real: esperança para o futuro

Linqay, uma menina de seis anos, foi diagnosticada com autismo aos dois anos, antes da aprovação do novo exame. O diagnóstico tradicional levou três meses. Sua mãe, Tiffany Glenn, recorda o período com emoção:

“Foi um tempo de muita ansiedade, fiquei um pouco deprimida. Como mãe, depois de carregá-la por oito meses, meu primeiro instinto foi: o que eu deixei de fazer? Não tomei vitaminas suficientes? Eu fui a todas as consultas médicas. O que poderia ter feito de diferente? Mas, à medida que fui aprendendo mais sobre o autismo, entendi que não era isso”.

Hoje, Linqay faz terapia ocupacional, sessões de fonoaudiologia e participa de um programa intensivo de desenvolvimento no instituto onde Ami Klin atua. Ela realiza o novo exame mensalmente para acompanhar sua evolução.

“O futuro da minha filha será brilhante. Ela é uma garota doce e tem uma personalidade incrível. Hoje, desejo coisas que um dia duvidei. Quero que ela se case, se forme na escola, tenha um diploma. Ela está no jardim de infância, e eu já estou pensando na faculdade. Sou muito grata e empolgada com o futuro dela”, diz Tiffany, emocionada.

'O autismo não é uma doença'

Para Ami Klin, é crucial mudar a maneira como o autismo é visto pela sociedade.

“O autismo não é uma doença, é um fator genético. É algo como a cor do cabelo. É apenas uma maneira única de ser humano nesse mundo”, afirma.

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