Ele chamava Lula de corrupto e foi preso pela PF por suspeita de vazamento de decisões judiciais
Thiago Marcos recebia uma remuneração bruta de quase R$ 23 mil mensais como assessor jurídico

O advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, conhecido por suas manifestações nas redes sociais em que chamava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “corrupto”, foi preso na terça-feira (18) pela Polícia Federal em Palmas (TO), durante uma operação que investiga o vazamento de informações sigilosas do Judiciário.
Apesar da retórica moralista contra o presidente da República, Thiago é apontado como um dos alvos centrais da operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que apura crimes de obstrução de justiça, violação de sigilo funcional e corrupção ativa e passiva. A ação é um desdobramento da Operação Sisamnes.
Segundo o portal da transparência do Ministério Público do Tocantins (MPTO), Thiago recebia uma remuneração bruta de quase R$ 23 mil mensais como assessor jurídico lotado na 3ª Procuradoria de Justiça, em Palmas. Com a prisão, ele foi exonerado do cargo comissionado.
Thiago Marcos é sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é investigado na operação. O advogado atuava diretamente no gabinete do procurador Ricardo Vicente da Silva, também alvo da investigação.
Além de Thiago, a Polícia Federal prendeu o jornalista e ex-prefeito de Almas, Goianyr Barbosa de Carvalho. Durante o cumprimento do mandado, uma mochila com R$ 22,5 mil em espécie foi encontrada na casa de Goianyr — dinheiro que, segundo a defesa, ele teria jogado pela varanda ao pensar que se tratava de um assalto.
De acordo com a PF, a investigação revela a existência de uma suposta rede clandestina de monitoramento e venda de informações sigilosas sobre investigações sensíveis supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), comprometendo diretamente o andamento de operações policiais.
A operação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF, incluiu quatro mandados de busca e apreensão, um de prisão e ainda impôs medidas cautelares como afastamento de funções públicas, proibição de contato entre os investigados, recolhimento de passaportes e proibição de saída do país.
A defesa do procurador Ricardo Vicente preferiu não se manifestar, alegando que ainda não teve acesso ao inquérito. Já o MPTO afirmou, em nota, que todas as medidas determinadas pelo STF foram cumpridas, incluindo a exoneração de Thiago.
Apesar de seus discursos públicos acusando adversários políticos de corrupção, o advogado agora figura no centro de um escândalo que envolve suspeitas gravíssimas — justamente aquilo que ele dizia combater.
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