Direita dividida: a briga entre Malafaia e Michel Temer
Bolsonaristas reagem à articulação por Tarcísio como terceira via para 2026, excluindo Bolsonaro

A disputa interna pelo comando da direita brasileira ganhou um novo e barulhento capítulo na noite deste domingo (11). O pastor Silas Malafaia, um dos principais porta-vozes do bolsonarismo radical, foi às redes sociais para atacar duramente o ex-presidente Michel Temer (MDB), após rumores de que o veterano político estaria articulando uma candidatura alternativa à de Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais de 2026.
Temer, que acumula o título de presidente mais impopular da história recente — com meros 1% de aprovação segundo pesquisa Ipsos de 2017 —, tem se movimentado nos bastidores ao lado de Gilberto Kassab (PSD) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em busca de consolidar uma “terceira via” de direita que não esteja atrelada ao bolsonarismo. A ideia seria isolar Bolsonaro, hoje inelegível, e reposicionar o espectro conservador em torno de uma alternativa considerada mais moderada.
Malafaia, no entanto, reagiu com virulência. Em sua conta na rede social X (antigo Twitter), o pastor criticou diretamente Temer, a quem chamou de “homem do golpe contra Dilma”, e ironizou as movimentações para retirar Bolsonaro de cena. Para ele, a alternativa natural à liderança bolsonarista estaria dentro da própria família do ex-presidente: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Mensagem para Temer! Se existe uma articulação para um candidato da direita, caso o vergonhoso impedimento de Bolsonaro persista, o senhor esqueceu do candidato mais bem avaliado na pesquisa depois de Bolsonaro. MICHELLE! Ela reúne os votos dos bolsonaristas, direita, mulheres e evangélicos”, escreveu Malafaia.
O ataque explicita o embate que se desenha dentro da própria direita brasileira. De um lado, a ala que tenta se desvencilhar da radicalização bolsonarista e busca nomes como Tarcísio para pavimentar um novo caminho. Do outro, os aliados fiéis ao ex-presidente que insistem em manter a fidelidade a seu legado, mesmo que representado por Michelle Bolsonaro.
Apesar das especulações, Michel Temer declarou em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, que não será candidato em 2026. “Eu descarto. Eu passei 32 anos na vida pública. Ocupei praticamente todos os cargos na República, inclusive a Presidência do Brasil. Confesso que não tenho mais disposição para tanto”, afirmou, em tom de despedida.
Mesmo fora da disputa, Temer segue como figura central nas articulações da direita não bolsonarista. Sua proximidade com Kassab e seu trânsito entre políticos e membros do Judiciário — como o ministro Alexandre de Moraes — o mantêm como peça importante no xadrez eleitoral de 2026.
O embate entre Malafaia e Temer, no entanto, deixa claro que o caminho até a definição de uma candidatura unificada da direita será turbulento. A guerra pela hegemonia conservadora está longe de chegar a um consenso — e, por enquanto, o bolsonarismo não parece disposto a abrir mão do trono.
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