Crime e política à bala
Para além do assassinato de um policial militar, que desempenha um papel crucial na manutenção da ordem e segurança pública, cuja principal função é proteger e servir à população, garantindo o Estado de Direito e prevenindo crimes, responder à violência social (Yves Michaud,1989) com mais violência estatal (Max Weber,1974) é o mesmo que fixar crime e política à bala.
A “Operação Escudo” ou o “Massacre no Guarujá” pela polícia militar de São Paulo é mais um exemplo de que “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa” (Karl Marx, 1852), ou ainda “a história não se repete, mas rima por vezes” (Mark Twain, 2019). A “ordem para matar” é um fato social patológico (Émile Durkheim, 2002), que expõe as relações políticas e demagogas entre o Estado e as organizações criminosas.
Em 2006, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) atacou e aterrorizou a população de São Paulo. O governador Cláudio Lembo acovardou-se e fechou um acordo espúrio com os criminosos em troca da paralisação dos ataques, para forjar uma “solidariedade pelo terror”, letífera.
Em 2023, ao autorizar e defender o “massacre no Guarujá”, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas está reeditando um aval político para o crime organizado ou às associações mafiosas se imporem, se expandirem e controlem novos territórios nas periferias paulistas, através do terror e à bala para obter "a solidariedade pelo medo" dos cidadãos ou a “domesticação dos domesticados” (Pierre Bourdieu,1989), ratificando que as autoridades não sabem protegê-los.
Assim, com menos de um ano no mandato, ao chamar denúncias de tortura e chacina no Guarujá de “narrativa” e ser qualificado pelos moradores da região como “bandido e mentiroso”, Tarcísio de Freitas já se mostra refém do medo de contrariar a PM e reagir contra à ação vingativa e não planejada para matar.
Em consequência, ao compactuar a continuidade da “operação escudo” na cidade por 30 dias, o governador de São Paulo valida um genocídio, além de fortalecer a parceria entre o crime e a política à bala, através da incompetência administrativa e das ações de uma organização transfronteiriça, pensando em se viabilizar à presidência da república, em 2026, para representar a direita fascista, genocida e repulsiva.
O perigo dessa manobra política do governo paulista é impulsionar a maneira de agir das polícias brasileiras e misturá-las com as organizações criminosas nos demais estados federados. Pois, sem controle estatal, elas tecem potentes redes criminosas transnacionais, para garantir os abastecimentos contínuos de armas, munições, drogas, piratarias etc.
Nesse sentido, o pacto genocida de Tarcísio de Freitas com a PM-SP, por interesse político futuro, não é proteger a população paulista, mas legitimar as relações políticas nefastas e demagogas do Estado e as organizações criminosas. É um acordo acovardado que expõe o país, pois com forte poder corruptor e ímpeto para reagir às forças de ordem, caso ousem ingressar em seus territórios controlados, as organizações criminosas se tornam em verdadeira secessão do Estado de Direito (CF/88).
É execrável que o governador Tarcísio de Freitas, pensando em política e nos votos da direita fascista, optou pelo desdém: "Não houve excesso", "[...] a polícia quer evitar o confronto de toda a forma". Banzo na inépcia administrativa, o governo paulista ignora a expertise da Polícia Civil, sob poder correcional do Ministério Público.
De fato, um gestor ignóbil para enfrentar o crime organizado, que consente a ilegalidade, cogitando ser um presidenciável sicário, por meio de um governo atroz, vil, cruel e desumano.
Deixe sua opinião: