Política

ConecteSUS cai diante da incompetência do governo e dos ataques de Jair

Desde que assumiu o poder, ele trabalha para propagar a ideia de que o interesse dos indivíduos é mais importante que o bem-estar da coletividade

  • sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Foto: Correio BrazilienseJair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

 
Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no Facebook 

Após o presidente da República atacar a adoção de um passaporte de vacinação em território nacional, a plataforma ConecteSUS, que garante um certificado nacional de imunização para covid-19, saiu do ar junto com o site do Ministério da Saúde. A obra, supostamente executada por hackers, é fruto de incompetência grossa ou de sacanagem descarada do governo federal.

Logo na sequência, as redes sociais e aplicativos de mensagens trouxeram críticas à assustadora conveniência que representa à política negacionista de Jair Bolsonaro (PL) e do ministro Marcelo Queiroga o fato de que a principal fonte de informação digital sobre quem completou o ciclo vacinal tenha ficado fora do ar em meio a esse debate.

Do outro lado, seguidores do presidente, em grupos de aplicativos de mensagens, usam a queda para defender que um passaporte é inviável porque o sistema não é estável e suscetível a ataques externos, o que poderia gerar problemas para consultas na entrada de estabelecimentos que exigirem o certificado. Como se um print de tela não fosse eterno.

A urgência é reestabelecer o acesso público aos dados. Mas a investigação precisa mostrar que não houve má fé de gente do próprio governo nesse processo. E, nesse caso, avaliar se o "suposto" ataque hacker não partiu de pessoas que defendem o posicionamento de Bolsonaro sobre a liberdade de não se vacinar. Ou seja, que acreditam estar fazendo uma sacanagem a serviço ao presidente.

Jair tem distorcido os princípios dos direitos humanos para defender que a liberdade de não se vacinar está acima da proteção da vida e da saúde pública. O discurso é raso. De acordo com a Constituição, nossos direitos individuais são limitados pelos direitos de terceiros e da sociedade, em um delicado equilíbrio. Por exemplo, a liberdade de expressão não é um direito absoluto porque não há direitos absolutos, você não tem o direito de incitar a morte de outra pessoa ou de um grupo étnico.

Além disso, a obrigatoriedade da vacina não significa inocular pessoas na marra como na Revolta da Vacina no início do século passado no Rio de Janeiro. Mas o Supremo Tribunal Federal deixou claro que podem ser aplicadas restrições a quem não se imunizar, limitando o acesso a ambientes para proteger as outras pessoas.

Desde que assumiu o poder, Bolsonaro trabalha para propagar a ideia de que o interesse dos indivíduos é sempre mais importante que o bem-estar da coletividade. Isso não vale a todo o indivíduo, claro, apenas para o "povo escolhido" de Jair Messias, ou seja, os grupos que o apoiam. Aí estão incluídos os negacionistas que não acreditam em vacinas e os que defendem a tola liberdade de não se vacinar e permanecer com acesso a todos os ambientes, contaminando terceiros.

A outra constatação é que, sendo um ataque hacker, ele representa a incompetência do governo Jair Bolsonaro em proteger um sistema que possui informações sensíveis de praticamente toda a população brasileira. Ninguém está imune a ataques, mas os protocolos devem garantir que, se eles acontecem, os dados permaneçam seguros e um backup seja usado para restabelecer o acesso ao sistema imediatamente.

Esta é sim é uma situação de segurança nacional, muito mais importante do que qualquer uma das baboseiras que o presidente elege como tal em seus discursos ideológicos.

Neste caso, de incompetência pura e simples, teremos a constatação de que somos geridos por amadores, que se preocupam mais com quem você se deita, em defender envolvidos em chacinas ou com o direito de seus aliados em atacar instituições e ameaçar jornalistas do que em garantir que nossos dados pessoais e nossa saúde estejam, de fato, seguros.

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