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INTERNACIONAL FASCISTA: Trump ataca Justiça brasileira e tenta blindar Bolsonaro em discurso eleitoral nos EUA

Interferência na soberania brasileira: Trump defende Bolsonaro e critica democracia brasileira


Reprodução INTERNACIONAL FASCISTA: Trump ataca Justiça brasileira e tenta blindar Bolsonaro em discurso eleitoral nos EUA
Trump esqueceu que Bolsonaro perdeu a eleição para Lula.

Em mais um gesto de alinhamento com a extrema direita global e de desrespeito à soberania de outros países, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nesta segunda-feira (7) uma mensagem em defesa de Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado no Brasil. A declaração foi feita na Truth Social, rede social controlada pelo próprio Trump, e veio acompanhada de duras críticas às instituições democráticas brasileiras.

Sem mencionar diretamente os processos em curso, Trump afirmou que Bolsonaro “não é culpado de nada” e classificou como uma “terrível injustiça” o tratamento que vem sendo dado ao ex-presidente brasileiro. O republicano, que também enfrenta dezenas de processos judiciais nos Estados Unidos, sugeriu que Bolsonaro está sendo vítima de uma “caça às bruxas”, e declarou que “o único julgamento legítimo” seria uma nova eleição.

“O grande povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente”, escreveu Trump. “Estarei acompanhando de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz”, concluiu.

A declaração ocorre em um momento de alta tensão entre figuras da extrema direita brasileira e o sistema de Justiça do país. Bolsonaro é acusado de liderar um plano golpista para se manter no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A articulação envolvia militares e assessores próximos e previa, segundo as investigações, até o assassinato de autoridades. A denúncia foi aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em março de 2025. Desde então, o processo avançou rapidamente e encontra-se em fase final, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Até agora, 497 pessoas foram condenadas por participação nos atos golpistas, enquanto oito foram absolvidas.

Além da ação penal no STF, Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em razão de abusos cometidos durante a campanha de 2022, incluindo o uso indevido da estrutura do Estado e ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro.

Alinhamento ideológico e estratégia eleitoral

A fala de Trump reitera a conexão ideológica entre os dois líderes da extrema direita internacional, marcada pelo uso sistemático da desinformação, pela tentativa de deslegitimação de eleições e por ataques recorrentes às instituições democráticas. “Conheci Jair Bolsonaro. Ele foi um líder forte, que realmente amava seu país — e também um negociador muito duro em comércio”, disse Trump, ignorando a postura de subserviência adotada por Bolsonaro diante dos interesses norte-americanos, especialmente em áreas como meio ambiente, política externa e defesa.

O republicano também tentou traçar um paralelo entre sua própria situação jurídica e a de Bolsonaro, sugerindo que ambos são vítimas de perseguição política. “Isso não é nada mais, nem menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu entendo muito bem”, declarou, em tom de campanha, no momento em que tenta mobilizar sua base para as eleições presidenciais de 2026.

Efeito limitado, mas com apelo simbólico

Embora a declaração possa reforçar o discurso de vitimização promovido por Bolsonaro e seus aliados — como Eduardo Bolsonaro, que vive nos EUA desde março e tem feito ataques constantes ao STF —, seu impacto prático tende a ser irrelevante. As instituições brasileiras não reconhecem qualquer tipo de ingerência estrangeira sobre o sistema de Justiça nacional, e o processo contra o ex-presidente segue em curso no STF.

Além disso, a publicação de Trump ocorre dias depois de ele anunciar uma tarifa adicional de 10% para países que, segundo ele, se alinharem às “políticas antiamericanas” do Brics — grupo que inclui o Brasil e é presidido atualmente por Lula. A retórica ameaça aprofundar o isolamento diplomático do país em caso de eventual retorno de Bolsonaro ou de vitória de aliados em futuras eleições.

O gesto, portanto, soa mais como uma tentativa de Trump de mobilizar sua base eleitoral interna do que como um movimento com efeitos reais sobre o cenário político brasileiro. Ainda assim, revela a persistência de uma aliança transnacional da extrema direita, com objetivos claros de enfraquecer instituições democráticas e deslegitimar adversários políticos por meio de ataques sistemáticos à Justiça e à imprensa.

Proposta de novas eleições de Trump: Bolsonaro perdeu uma onde era candidato a reeleição

A proposta de Donald Trump de que Jair Bolsonaro seja “julgado apenas pelo povo, em uma nova eleição”, soa completamente sem pé nem cabeça diante dos fatos. Em 2022, Bolsonaro já disputou — e perdeu — uma eleição presidencial no exercício pleno do cargo, com todas as vantagens que o poder oferece. Na tentativa de se reeleger, abusou de recursos públicos de forma escancarada: concedeu isenções de impostos para taxistas e caminhoneiros, turbinou o Auxílio Brasil em ano eleitoral e instrumentalizou órgãos do Estado, como a Polícia Rodoviária Federal, que agiu de maneira escandalosa ao montar barreiras para dificultar o acesso de eleitores de Lula às urnas, especialmente no Nordeste. Mesmo com todas essas manobras, foi derrotado democraticamente por Luiz Inácio Lula da Silva. Reivindicar uma nova eleição como “único julgamento legítimo” ignora não apenas a soberania do voto já exercido, mas tenta reescrever a história por meio de retórica autoritária e revisionista. 


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