David Teixeira

Como Uruçui enfrenta a covid-19?

  • quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Foto: DivulgaçãoEquipe de Uruçui

 

O Diretor do HRSDA- Hospital Regional Senador Dirceu Arcoverde em Uruçuí, Patrick Firmino Neiva Costa, e o Gerente de enfermagem, Fábio Virginio da Silva, falam sobre a atuação do HRSDA na pandemia do covid-19.
 
A chegada da primeira remessa da vacina Coronavac na cidade de Uruçuí ocorreu na manhã do dia 19 de janeiro e causou euforia na cidade. A solenidade de recebimento contou com a presença do prefeito, vereadores, lideranças políticas, profissionais da saúde e gestores da saúde. Na solenidade, foi informado que nesta primeira etapa a vacinação seguirá os protocolos do Ministério da Saúde, priorizando a imunização dos profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19 tanto nos municípios que compõe o Território do Alto Parnaíba como no HRSDA- Hospital Regional Senador Dirceu Arcoverde.

Na oportunidade, entrevistei para o pensarpiauí o administrador Patrick Firmino Neiva Costa - Diretor Geral do HRSDA e o enfermeiro Fábio Virginio da Silva, gerente de enfermagem. Ambos são gestores do Governo do Estado do Piauí em Uruçuí e estão a frente da administração do HRSDA que é o principal hospital no tabuleiro do Alto Parnaíba que atende aos pacientes de covid-19 de todos os municípios da Regional.
 
Patrick Firmino Neiva Costa - Diretor Geral do HRSDA

O hospital Senador Dirceu Arcoverde está preparado para atender a população da regional dos tabuleiros do Alto Parnaíba?

O Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Estado da Saúde, possui um cronograma da reestruturação dos estabelecimentos de saúde, desde a instrumentalização em gestão em saúde, como também o fortalecimento das melhorias da estrutura física, processos assistenciais, administrativos e o gerenciamento consciente de recursos humanos e materiais. Em 2020, o governo do Estado do Piauí lançou o Pró-Saúde com objetivo de garantir a modernização da rede hospitalar, os investimentos vão possibilitar a conclusão da obra do Hospital Regional em Uruçuí, ampliando a sua estrutura física e aumentando a sua capacidade de atendimento na região. Atualmente, a unidade hospitalar atende as demandas de saúde da região dentro do perfil assistencial e capacidade instalada, apesar de que a pandemia proporcionou novas readequações nos serviços ofertados pela unidade.

Existem infraestrutura física e de pessoal capaz de fazer frente a esta nova onda do Covid-19 ?

A estrutura física é limitada, adequamos a equipe conforme capacidade instalada para enfrentamento à Covid. No entanto, as estratégias implantadas pela unidade hospitalar foram capazes de atender as demandas existentes.

No Amazonas ocorreu uma catástrofe humanitária por conta da falta de oxigênio, como está a logística para garantir que não falte oxigênio em nem medicamento no HRSDA?

Existe um gerenciamento diário na unidade hospitalar, com monitoramento dos pacientes que estão em tratamento, seja de oxigenoterapia ou farmacológico. Com base no consumo desses insumos, a unidade hospitalar informa o fornecedor sobre a necessidade de reabastecimento, garantindo assim a assistência e segurança aos pacientes.

O governo do Piauí tem realizado busca ativa em parceria com HRSDA, a busca ativa tem se mostrado eficiente para reduzir as emergências e urgências dos pacientes com covid-19 ?

Esse projeto é referência, essa parceria e integração de equipes proporcionaram grandes resultados e eficiência ao serviço de Saúde. Apesar do perfil da unidade hospitalar ser urgência e emergência, a ação contribuiu de maneira precoce no diagnóstico de outros pacientes que tiveram contato e que devido a testagem de maneira antecipada não evoluíram a doença, sendo a mesma tratada nas fases iniciais.

Como tem sido as parcerias com os diversos municípios do território e o HRSDA para ajudar nas ações de combate ao Covid-19 ?

Devido a protocolos e fluxos diversos, implantados pelas unidades de saúde do território, algumas ações em conjunto não foram possíveis. O HRSDA precisou adequar a sua estrutura para atendimento a casos moderados e graves, isso necessitou de uma estratégia hospitalar mais complexa e uma medida de resposta mais rápida devido a estrutura exigida para esse perfil assistencial.  

A população do Território tem cobrado a instalação de UTI no hospital, quais são as dificuldades encontradas para se fazer a instalação da UTI e quais foram as ações realizadas para suprir a falta da UTI?

A Unidade Hospitalar vem passando por um processo de reestruturação desde 2019, além da estrutura física que atualmente está comprometida com os serviços já existentes, estamos reorganizando os fluxos, processos de trabalho e requalificando as equipes para atender a realidade da assistência hospitalar. O comprometimento da estrutura física atual, a falta de mão de obra de profissionais na região e no Estado dificultam a implantação do serviço de UTI hospitalar. Para suprir a falta de UTI a estratégia adotada pela unidade foi a ampliação de Leitos de Estabilização, com proposta de fortalecer o serviço da assistência e os cuidados em leitos de internação, sem a necessidade de transferir os pacientes graves. Inclusive tivemos um marco histórico durante a pandemia, que foi a habilitação de 05 leitos de Suporte Ventilatório Pulmonar junto ao Ministério da Saúde, esse serviço proporcionou a unidade a dar uma melhor assistência a pacientes admitidos com quadros clinicos moderados. Além disso, conseguimos transformar as ambulâncias básicas em uma estrutura semiavançada (equipamentos de transporte), com capacidade de transferir pacientes internados com quadro clínico grave para outras unidades de referência com maior segurança. 

A última ação para suprir a falta de UTI ofertada pela unidade foi o serviço de Telemedicina, o projeto Tele UTI COVID-19 em parceria com o HU e PDI da Universidade Federal do Piauí, os pacientes que estavam internados em Leitos de Estabilização, eram avaliados por uma equipe médica do HU com objetivo de compartilhar e orientar as condutas das equipes de plantão da área Covid conforme evolução do quadro clinico do paciente, o suporte era realizado diariamente.

Qual é a quantidade do quadro de funcionários do hospital e quantos procedimentos mensais tem sido realizados pelo HRSDA?

Atualmente. o hospital possui um quadro de 142 funcionários, em 2020 a média de atendimentos mensais realizados pelo HRSDA foi de 4.500, mesmo com a suspensão de serviços eletivos devido a pandemia.

Foto: DivulgaçãoEquipe de Uruçui

 
 
Fábio Virginio da Silva - Gerente de enfermagem do HRSDA
 
Qual é a logística utilizada pelo HRSDA para evitar que pacientes não covid-19 venham a ser infectados com covid-19?

Por volta do mês de Março 2020, com o advento de casos em outros estados, a gestão da Unidade Hospitalar iniciou elaboração do plano de contingência para o Hospital Regional Senador Dirceu Arcoverde- HRSDA, no qual  buscamos estabelecer  medidas a serem tomadas a fim de organizar a unidade de saúde para eventuais casos. Neste plano de contingência foram estabelecidos fluxos separados para entrada de profissionais e pacientes, bem como fluxos individualizados para entrada de pacientes com síndromes gripais e pacientes sem síndromes gripais.
A partir de então, surgiu o planejamento para a implementação de leitos clínicos e de estabilização, o que veio a ser concluído em meados de Abril do mesmo ano e ser utilizado já no mesmo mês com internação de pacientes em leitos clínicos e posteriormente em leitos de estabilização. Estes, por sua vez, foram equipados com respiradores, monitores e demais equipamentos necessários para a monitorização e estabilização de pacientes graves com apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Piauí.

Dando seguimento ao Plano de Contingência do HRSDA, as comissões técnicas elaboraram e capacitaram nos meses de abril, maio e junho os profissionais de todos os setores presencialmente e por videoconferência sobre as técnicas de paramentação e desparamentação a fim de evitar ao máximo a transmissão do Sars Cov-2 entre os profissionais e de profissionais para pacientes, bem como estabeleceu-se como medida de segurança o uso obrigatório de máscaras em todos os pacientes internados e acompanhantes em enfermarias de clínica médica, bem como a realização de escuta qualificado no início do plantão de todos os profissionais com a finalidade de identificar sintomáticos respiratórios e assim reduzir a presença de potenciais transmissores dentro da equipe de saúde.

Agora que a vacina chegou e que profissionais da linha de frente do HRSDA vão ser vacinados você acha que terá mais resolutividade nas ações do hospital ou não vai ter alterações significativas?

Sim. Acreditamos que os profissionais poderão atuar de maneira mais segura e consequentemente os serviços ofertados poderão ser ampliados seguindo um roteiro de melhorias na área da saúde que vem se desenhando nos últimos anos para este território. 

Quantos profissionais estão hoje atuando na linha de frente? 

Seguindo o plano de contingência da Unidade Hospitalar para enfrentamento da pandemia foi implementado duas alas para receber pacientes com sintomas de síndrome gripal, sendo uma emergência com porta de entrada exclusiva para pacientes com sintomas de gripe e uma ala com enfermarias contendo leitos clínicos e de estabilização, bem como fortalecimento do serviço de transporte móvel inter-hospitalar.  Assim, para atender a demanda de pacientes fez-se necessário alinhar as forças de trabalho de aproximadamente 65 profissionais de maneira direta, envolvendo serviço de apoio diagnóstico encabeçado pela radiologia e laboratório, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutrição, auxiliares de serviços gerais entre outros.

Qual a capacidade hoje do HRSDA atender a população do território com a realização dos exames de clínicos? Pacientes de covid-19 tem feito todos os exames necessários para o diagnóstico médico?

Temos capacidade instalada para executar serviços de apoio diagnóstico a nível ambulatorial e de internação nos setores de radiologia, com média de 600 exames mês e apoio laboratorial com média de 2.000 mil exames mês. No tocante aos exames necessários ao diagnóstico médico para Covid-19 a unidade dispõe de testes rápidos sorológicos, bem como de testes rápidos para antígeno, ambos com indicação e especificidades diferentes. Além disso, foi pioneira na implantação e realização de teste RT-PCR em parceria com o LACEN-PI no território Tabuleiros do Alto Parnaiba com a realização do primeiro exame em maio de 2020.

Como tem ocorrido a qualificação dos profissionais que atuam no combate à Covid?

A qualificação dos nossos profissionais tem sido realizada seguindo um cronograma elaborado e acompanhado pelo Núcleo de Educação Permanente em Saúde-NEPS, de forma presencial ou por videoconferência, em parceria com outras comissões e unidades hospitalares de maior complexidade que já desenvolvem serviços no âmbito da Terapia Intensiva a exemplo do Hospital Regional Tibério Nunes, o qual tem possibilitado campo prático para aperfeiçoamento de práticas médicas da nossa equipe de saúde.

O aprendizado da primeira onda da covid-19 deixou os profissionais de saúde mais preparados para atuar agora na segunda onda?

Sim. Hoje sabemos muito mais sobre o Sars Cov – 2 , comparando-se ao início da pandemia e, inevitavelmente, os serviços e os profissionais estão mais adequados ao enfrentamento deste agente biológico.

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