Brasil atrai R$ 27 bilhões em investimentos da China
Foco em energia, tecnologia e empregos

Durante sua terceira visita à China em pouco mais de dois anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta segunda-feira (12), um pacote de investimentos chineses no Brasil que soma R$ 27 bilhões. Ao lado da ApexBrasil, Lula destacou que os acordos firmados vão além dos números: devem impactar diretamente o cotidiano dos brasileiros — da energia nas casas ao delivery de comida, da produção de medicamentos à geração de empregos.
Energia limpa e mobilidade elétrica ganham impulso
A estatal chinesa CGN vai investir mais de R$ 3 bilhões na criação de um HUB de energia renovável no Piauí, com foco em fontes solar, eólica e termosolar, além de sistemas de armazenamento. O objetivo é ampliar a estabilidade no fornecimento de energia e gerar empregos na região.
No setor automotivo, a montadora GWM anunciou R$ 6 bilhões para produção e exportação de veículos no Brasil — incluindo modelos elétricos. Complementando essa revolução na mobilidade, a DiDi (dona do app 99) construirá 10 mil pontos de recarga para carros elétricos em todo o país.
Competição no delivery e geração de empregos
A plataforma de entregas Meituan desembarca no Brasil com o aplicativo Keeta, investindo R$ 5 bilhões. A entrada da empresa promete acirrar a concorrência com iFood e Rappi, oferecendo melhores condições para consumidores e entregadores. A expectativa é de até 100 mil empregos indiretos e 4 mil postos diretos em um centro de atendimento no Nordeste.
Saúde, biotecnologia e produção nacional de medicamentos
Na área da saúde, a Nortec Química — maior fabricante de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs) da América Latina — firmou parcerias com três farmacêuticas chinesas para criar uma nova plataforma industrial no Brasil, com investimento de R$ 350 milhões.
Outros projetos incluem a nacionalização da produção de insulina, com apoio da Fiocruz e da Biomm, beneficiando cerca de 16 milhões de brasileiros com diabetes. Além disso, Eurofarma e Sinovac lançarão o Instituto Brasil-China, voltado à pesquisa em doenças infecciosas e degenerativas.
Indústria verde e agricultura sustentável
Com R$ 5 bilhões, a Envision construirá na América Latina o primeiro Parque Industrial Net-Zero, focado em hidrogênio verde, amônia verde e combustíveis sustentáveis. A Longsys também aposta no país, com R$ 650 milhões para expandir a produção de chips em São Paulo e no Amazonas.
Outro destaque é o acordo entre Raízen e SAFPAC para fornecer bioetanol brasileiro à China, com foco em combustíveis sustentáveis para aviação (SAF), fortalecendo o papel do Brasil na transição energética global.
Na agropecuária, a REAG Capital Holding e a CITIC Construction vão liderar um projeto nacional de conversão de pastagens degradadas em sistemas agrícolas e florestais sustentáveis, aliando conservação ambiental à produção de alimentos.
Varejo, cultura e tecnologia
Os acordos incluem ainda a entrada da rede chinesa de supermercados Hotmaxx, que passará a comercializar produtos brasileiros na China, e da Luckin Coffee, que promoverá o café nacional. Já a Huaxia Film vai atuar na divulgação do cinema brasileiro no mercado asiático.
No setor de tecnologia, a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) e o parque tecnológico chinês ZGC firmaram parceria para cooperação em inteligência artificial, infraestrutura de dados e internacionalização de software.
A gigante de bebidas Mixue também anunciou sua entrada no mercado brasileiro, com R$ 3,2 bilhões em investimentos e projeção de gerar até 25 mil empregos até 2030.
"Parceria estratégica", diz Lula
Durante o Fórum Empresarial Brasil-China, Lula ressaltou a importância do relacionamento bilateral. “Brasil e China são parceiros estratégicos e protagonistas nas discussões globais. Queremos reduzir barreiras comerciais e ampliar a integração entre nossos países”, afirmou.
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, destacou que um em cada quatro produtos importados pelo Brasil vem da China e que a presença de mais de 700 empresários no fórum sinaliza o aprofundamento dessa relação. Segundo ele, os impactos dos acordos serão sentidos rapidamente na economia, no comércio e na vida das pessoas.
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