Arnaldo Eugênio

A Black Friday dos lanceiros


Foto: ReproduçãoBlack Friday
Black Friday

 

A black Friday – ou a “sexta-feira preta” ou “dia de liquidações” – é o nome de uma tradicional ação estratégica de vendas que surgiu nos Estados Unidos e se consolidou no final do século XX. Ela se realiza na quarta sexta-feira do mês de novembro, excitando uma multidão de consumidores às compras, através de descontos embuçados em mercadorias.

Nos Estados Unidos, antes das décadas de 1980 e 1990, a “sexta-feira preta” das liquidações não se chamava de “Black Friday”. A data se popularizou no país e virou sinônimo de produtos a preços absurdamente acessíveis. Logo, o sucesso da ação entre os lojistas USA se espalhou para outros países. No Brasil, essa estratégia de vendas iniciou em 2010, e se consolidou em 2012.

Existem três teorias sobre onde surgiu e porque o uso do termo “black Friday”. A primeira teoria refere-se a um esquema ilegal de investidores norte-americanos, em 1869, com o objetivo de sabotar o mercado de ouro nos USA, manipulando o preço do ouro na Bolsa de Valores para disparar e pudessem enriquecer. Mas, o plano fracasso porque o presidente Ulysses S. Grant interveio, ordenando a venda do ouro estocado nos cofres públicos, fazendo cair o preço do ouro no dia 24 de setembro de 1869. E, assim, esse dia ficou conhecido como “black Friday” ou “sexta-feira negra”."

A segunda teoria trata de uma matéria na revista norte-americana Factory Management and Maintenance, que, na década de 1950, relatou que um grande número de pessoas ficavam “doentes” na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças. E associou as pessoas com o “mal da sexta-feira após o Dia de Ação de Graças” com a peste bubônica: daí, a “black death” (surto de peste bubônica, no séc. XIV) se tornou a “black Friday”, no séc. XX.

E, por fim, a terceira teoria fala da frustração dos policiais da Filadélfia que trabalhavam na sexta após o feriado do “Dia de Ação de Graças”. Sentindo-se insatisfeitos com a quantidade de pessoas nas ruas durante a sexta após o feriado, os policiais começaram a chamar o dia de “black Friday”.

Mas, nenhuma das três teorias dão conta dos possíveis motivos e origens do termo, não existindo comprovação de que algum desses eventos tenha, de fato, relação com o dia das liquidações.

Transportando para o contexto do Brasil, a “black friday dos lanceiros” é uma percepção da sociologia criminal que perpassa o período de liquidações, envolvendo crimes diversos contra os consumidores no centro comercial das cidades de médio e grande porte. Isto é, os lanceiros são criminosos oportunistas, locais e de outras cidades (e até de outros estados) travestidos de transeuntes e/ou clientes que praticam furtos e roubos durante o período da black friday.

Nesse período, há um aumento exponencial no número de ocorrências criminais envolvendo lanceiros nos centros comerciais do Brasil. Trata-se de uma prática criminosa de caráter sazonal, específico e de dinâmica própria. Ou seja, é contínua e se intensifica no período das festas de fim de ano; e agora tem se iniciado, e se espalhado por bairros populosos, antes da black friday.

Dentre os principais fatores que estimulam a “black friday dos lanceiros” estão: o aumento de dinheiro circulando no comércio, com a liberação do 13º salário; o aumento na concentração de pessoas para fazerem as compras natalinas; o comportamento indiligente, e até blasé, dos consumidores natalícios.

Logo, é um período que cresce o número de roubos e furtos, exigindo um policiamento preventivo e ostensivo, aliado a atenção das pessoas nas ruas. A “black friday dos lanceiros” é um tipo de violência intencional; um crime comum, situacionista, prevenível e punível.

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