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Variante delta: SP pode ter explosão de casos e Piauí investiga um

Pesquisadores compararam dados de regiões de outros países onde a variante delta é dominante para projetar o que deve acontecer na capital paulista

Foto: G1São Paulo
São Paulo

A cidade de São Paulo deve sofrer uma nova explosão de casos de Covid-19 a partir de setembro por conta do avanço da variante delta do coronavírus, segundo análise feita por especialistas da USP e Unesp.

Os pesquisadores da plataforma Info Tracker compararam dados de regiões de outros países onde a variante delta é dominante - mesmo com a vacinação já avançada - para projetar o que deve acontecer no Rio de Janeiro e na capital paulista nas próximas semanas.

"O epicentro da delta no Brasil hoje é o Rio. São Paulo, embora ainda não tenha tido aumento exacerbado, está neste caminho. A projeção estima que deve haver essa explosão a partir da segunda semana de setembro", afirma o professor da Unesp Wallace Casaca, um dos responsáveis pela Info Tracker.

O levantamento levou em consideração os casos de Covid por cem mil habitantes em Londres, Nova York e Israel. Segundo a pesquisa, o tempo médio transcorrido entre os primeiros registros da variante delta até um aumento expressivo das novas contaminações foi de 80 dias.

"Decidimos olhar essas regiões do mundo para tentar encontrar um padrão nas curvas, e chegamos aos 80 dias. O Rio já passou esse período, então já entrou nessa escalada. Em São Paulo, temos 57 dias desde que os primeiros casos apareceram, então estamos nessa eminência", diz Casaca.

Sequenciamento genético realizado pela secretaria estadual do Rio de Janeiro já aponta que a variante delta já é predominante, com 60% das amostras. A análise realizada em São Paulo afirma que o percentual da delta é de cerca de 25% na Grande São Paulo, mas laboratório parceiro do Instituto Buantan no sequenciamento do vírus já aponta que o valor vem crescendo. 

Especialistas temem fim de restrições

Diante deste cenário, especialistas em saúde temem as consequências do fim das restrições da quarentena decretado pelo governador João Doria a partir desta terça-feira (17), quando todos os setores da economia foram autorizados a funcionar sem limite de horário ou restrição de público.

Casaca também vê com preocupação a abertura neste momento, uma vez que o estado ainda tem porcentagem baixa de vacinação com a segunda dose. São Paulo vacinou 93% da população adulta com a primeira dose até esta quarta, mas o valor de segunda dose ou dose única é de 30%.

"A delta é uma cepa muito agressiva. Vemos as aberturas com muita preocupação. Temos que acelerar agora ao máximo a vacinação com a segunda dose, mas a vacina sozinha não é solução para tudo."

Fim da quarentena em São Paulo

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (18), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou que as flexibilizações da quarentena estão ocorrendo "no tempo certo".

A defesa da reabertura do estado de São Paulo ocorre após a Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) publicar uma nota criticando as medidas de flexibilização no estado. Além da associação, especialistas independentes também se posicionaram contra o fim das restrições, entre eles antigos assessores do próprio governo estadual.

Questionado sobre as críticas, Doria disse que respeita opiniões divergentes, mas defendeu que as medidas adotadas no estado não devem estar, necessariamente, em acordo com a dos especialistas da SPI.

Em nota publicada na noite de terça, os infectologistas da SPI declararam "extrema preocupação com as recentes medidas de flexibilização de atividades comerciais não essenciais e de entretenimento" em São Paulo.

A principal questão levantada pelos médicos é o avanço das flexibilizações mesmo em meio a chegada da variante delta.

"Entendemos que a abertura deveria ser mais gradual e lenta, face aos riscos representados pela variante delta do coronavírus", disseram os especialistas, em nota.

Questionado em coletiva de imprensa nesta quarta (18) sobre o avanço da delta, o médico João Gabbardo, que assessora o governador João Doria, disse que a variante não altera o panorama no estado de São Paulo.

Ele defendeu que o aumento de casos provocados pela variante delta verificado em outros países ocorreu pela falta de máscaras.

"Como nos outros países aconteceu isso, eles estão imaginando que, em setembro, teremos o incremento de casos e de casos graves aqui em São Paulo. Mas nós entendemos que não necessariamente, porque São Paulo não cometeu os mesmos erros que alguns países cometeram anteriormente, de terem dispensado o uso das máscaras e de terem permitido aglomerações em determinadas circunstâncias", declarou Gabbardo.

"O aparecimento de uma nova variante não muda as medidas de prevenção. As medidas que podemos tomar para evitar a transmissibilidade da doença continuam exatamente as mesmas: a redução nas aglomerações, o uso das máscaras", completou.

No Piauí 

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Piauí (Cievs), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), está investigando uma amostra coletada de um paciente com Covid-19, por suspeita de infecção pela variante delta.

A informação foi confirmada pela Sesapi na quarta-feira (18). O paciente é um idoso de 69 anos, residente da cidade São João do Piauí, e que já tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19.

Ele teria tido contato, em Ribeirão Preto (SP), durante a realização de um curso, com um colega que testou positivo para Covid-19 e cujos exames confirmaram a infecção pela variante. No dia 7 de agosto ele retornou para o Piauí e, dois dias depois, apresentou os sintomas.

No dia 11 de agosto, de acordo com a Sesapi, o paciente apresentou tosse e deficiência respiratória e foi encaminhado para o hospital de São Raimundo Nonato. Os exames apontaram que o idoso estava com 25% do pulmão comprometido. No último domingo (15), ele foi transferido para um hospital particular em Teresina.

Segundo o hospital onde o homem está internado, ele está em observação e isolamento, estável e sem sintomas graves.

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